quinta-feira, 20 de novembro de 2008

CROMOS DOS ANOS 80: OITENTISTAS NATOS

Falar dos anos 80 e não falar de Madonna é impossível; falar de Madonna e não falar dos anos 80 também.
Com uma voz mais aguda do que a possui hoje, Madonna apareceu ao mundo com uma imagem provocante, descontraída e bem pensada, com roupas escuras que exibiam algumas partes da lingerie, luvas pretas, cabelos puxados, olhos muito pintados e um arsenal numeroso de pulseiras e de colares.

Os arranjos electrónicos das suas músicas soavam inocentes mas as melodias de "Like a Virgin", "Into the Groove" ou "Crazy for You" agarraram os ouvidos do grande público.
Michael Jackson é a outra grande figura que glorificou os anos 80 com a operação relâmpago do álbum Thriller. Com uma pop atractiva e bem ritmada, causaram impacto os seus números de dança, a sua imagem de casaco de cabedal arregaçada e as suas meias brancas milimetricamente expostas.

Mas houve muito boa gente que foi de tal maneira feita para os anos 80 que nasceu e morreu com a década, não se adaptando aos novos tempos. Os motivos de falência tiveram consequências diferentes: artísticas, mediáticas, ou ambas.
Os rockers australianos INXS foram autênticas celebridades de estádio mas as luzes da ribalta foram-se apagando à medida que os anos 80 se foram afastando do presente. A figura do vocalista Michael Hutchence e o insucesso da década seguinte não encaixaram.
O trio de electro-pop A-Ha também gozou como pôde o decénio do ZX-Spectrum, desde que rompeu o anonimato através de videoclip criativo, inspirado na BD, "Take on Me", numa caminhada ascendente feita do mérito de uma senbilidade colectiva para o formato da canção que os levou a assinar o tema principal de um dos filmes de James Bond (Living Daylights - Risco Imediato).

Os mais estranhos e atmosféricos Talk Talk, guiados pela poderosa voz de Mark Hollis, também tiveram várias boas-vindas por parte do público mainstream ao longo de toda a década de 80, com um número considerável de hits (como "Such a Shame" ou "It’s My Life").
Billy Idol encontrou nos tiques de Elvis a razão para largar o som punk dos anos 70 que praticou com os extintos Generation X e deu-se bem com a receita pop durante... 10 anos, porque os anos 90 já não quiseram nada com ele.

A mais arty Kate Bush foi também um rosto familiar na época. As Bangles foram mostrando as garras pop de uma banda feminina. E a alienígena Cindy Lauper teve também o mundo a seus pés, somando êxitos como "True Colours" e "Girls Just Wanna Have Fun". Lena d’ Água foi uma das nossas oitentistas natas, tendo sido até objecto de abertura de um dos programas de Countdown, apresentado pelo inesquecível Adam Curry, com o vídeo de "Dou-te Um Doce".
O famoso corte de cabelo mais comprido atrás e um pouco esquisito à frente não atrapalhou o percurso quixotesco de estrelas pop como Paul Young e Nik Kershaw, que foram outros símbolos genuínos daquele tempo. Só daquele tempo.

E quem conhece o parodiante Falco, os mais rockers Starship, os efusivos Level 42, o estiloso Rick Astley ou a nossa Lara Li? Na altura, quase todos. Hoje, quase ninguém. Todos eles foram vítimas do lado amnésico da máquina do tempo.
Texto publicado no Cotonete.
Imagens YouTube: “Borderline” – Madonna; “Original Sin” – INXS; “Such a Shame” – Talk Talk; “Eternal Flame” – Bangles; “Lessons in Love” – Level 42.
Fotos: Madonna; Michael Jackson; A-Ha; capa de Rebel Yell de Billy Idol; Nik Kershaw.

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