domingo, 30 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
38º Rolling Stones - One Plus One
Documentário surrealista de Jean-Luc Godard que acompanha as gravações da canção “Sympathy for the Devil”, em 1968.

37º Paul Simon - Graceland - The African Concert
Registo filmado da actuação histórica anti-Apartheid de
Paul Simon em Harare, Zimbabué, no ano de 1987.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

sábado, 29 de novembro de 2008

EXCITAÇÃO DA SEMANA: RUI REININHO, «COMPANHIA DAS ÍNDIAS»


Com uma marca ou outra dos GNR clássicos, o álbum de estreia a solo dá para quase tudo: pode-se ver e ouvir Rui Reininho de turbante a fazer o São Francisco-Dakar, ou então a moderar com o seu humor um duelo serial-killer entre Screamin Jay Hawkins e os Suicide. Varia, respectivamente, da composição de um Armando Teixeira até a um Paulo Furtado.
"Companhia das Índias" apregoa uma forma inteligente de entender a pop. E coloca novamente a pergunta: porque não dão a este mestre de ilusionismo letrista a segunda ocupação de fazer grandes títulos do jornais (ao nível do extinto Independente). (Sony/BMG)
Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

CROMOS DOS ANOS 80: OS ÍCONES DOS POSTERS


Nos anos 80, os posters expandiram-se pelas paredes dos quartos de adolescentes como cogumelos. Os mágicos papéis saíam associados a revistas como a Bravo. Os artistas estavam ligados à música, mas o seu fascínio era acima de tudo sexual.
Os sex-symbols foram-se aglomerando, mas na fila da frente encontrávamos uma Samantha Fox (também merecedora dos célebres posters eróticos da revista semanal do Correio da Manhã), cuja acção musical é imediatamente relegada para segundo plano perante a sugestão lasciva de clips como "Touch Me". A sua grande rival viria de Itália, falamos de Sabrina. Foi revelada ao mundo pelo teledisco "Boys", onde pulava na piscina enquanto o top descaía para uma zona abaixo dos mamilos para prazer dos seus fãs, incluindo aqueles que preferiam vê-la no modo mudo.

Estrelas pop como a mais efémera Sandra ou a mais imortalizada Kim Wilde possuíam mais argumentos musicais, mas, sempre que foi preciso, foram também chamadas para um plano não-musical.
Mas os maiores colecionadores de posters eram do sexo feminino, o que fazia com que os seus alvos de idolatria fossem do sexo masculino.
Os Wham!, bem armadilhados pela sua pop colorida, alimentaram uma veneração quase irracional por parte das suas fãs durante a sua meia-dúzia de anos de existência.

Outro fenómeno causador de histeria feminina viria da saudável competição entre os Duran Duran e os Spandau Ballet que disputaram os primeiros lugares dos tops, os louvores da crítica e, claro, as fãs. Talvez os Duran Duran tivessem ganho em todos os planos mas esta guerra entre os dois maiores gigantes do neo-romantismo pop foi renhida e vendeu jornais.
Já a popularidade de uma banda como os Bros focava-se mais na sua imagem do que na música, mas conheceram o lado terrível da teoria de Andy Warhol dos 15 minutos de fama. Foram 15 meses de intenso sucesso, depois a banda dos gémeos loiros Goss caiu no esquecimento.
Ao cair da década, surgiram os New Kids on the Block, um formato de cinco dançarinos/cantores que seria um modelo para a década seguinte (como os Take That ou os Boyzone).
Texto publicado no Cotonete que encerra o especial Cromos dos Anos 80.
Imagens YouTube: Kim Wilde – “You Came”; Duran Duran – “Hungry Like the Wolf”.
Fotos: Samantha Fox; Wham!; Bros.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.

40º Ike & Tina Turner - Live in '71
Registo filmado de uma actuação na Holanda, durante o período áureo do casal.

[“River Deep Mountain High”]

39º Depeche Mode - Videos 1986-1998
Compilação de videoclips do grupo entre 1986 e 1998.

["A Question of Time"]
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

terça-feira, 25 de novembro de 2008

CROMOS DOS ANOS 80: OITENTISTAS FORÇADOS


Para a malta da velha guarda, os anos 80 deram para tudo. Houve quem andasse perdido, houve quem lhe saísse a lotaria.
Bob Dylan faz parte do grupo dos amaldiçoados e é um exemplo crítico de inadaptação à década de consagração dos yuppies e de uma forma mais visual de vender música. E a imagem de Dylan, que não era a de um homem novo, não o beneficiava. Numa era de sorrisos simpáticos, o rosto sisudo de Bob Dylan ficava muito mal no plano. Ficou de lado.

Os Rolling Stones também sofreram os efeitos adiantados da crise da meia-idade. Os atritos e dilemas existenciais do grupo, que colocaram em causa a sua própria continuidade, não afastaram Mick Jagger do circo mediático, que continuou os seus pulos a solo, averbando duetos com tudo o que fosse gente famosa.
Neil Young é outro caso de inadaptação. O seu som country-rock mais físico soava datado perante o mais em voga e mais maquinal synth-pop. A emenda saiu pior que o soneto quando o guitarrista forçou a sua adaptação àqueles estranhos anos, robotizandoo o seu rock e decorando-o com enfeites electrónicos à Kraftwerk no álbum Trans (1982). O resultado foi pavoroso.

Mas dentro do campeonato do ridículo, houve reformulações de imagem que tiveram sucesso. Mark Knofler, dos Dire Straits (revelados na corrente da new wave), colocou uma fita de tenista na cabeça que não perturbou a rendição mundial ao seu álbum-charneira Brothers in Arms.
Tina Turner largou as garras do marido Ike, deixou para trás o som soul que popularizou nos anos 60 e 70, lançou-se à pop mainstream e revolucionou o seu penteado (agora penteadamente despenteado). Descobriu uma nova juventude depois dos quarenta anos: passou a usar mini-saia e a encher estádios. Entrou na elite dos milionários e foi considerada a avó mais sexy do mundo. Definitivamente, deu-se bem com os anos 80.

David Bowie usou do seu talento de camaleão e voltou a ajeitar-se à mudança dos tempos, integrando-se bem num período da pop mais pragmática e orelhuda, através uma colheita generosa de êxitos (como "Let’s Dance", "Blue Jean" ou "Absolute Beginners"). E, nota importante, os anos 80 não lhe tiraram o estilo: continuou a saber escolher cabeleireiros, e ao contrário da maioria dos casos a sua fotogenia não ficou datada aos tempos de então.
Freddie Mercury, o carismático vocalista dos Queen, também mudou de look radicalmente assim que as garrafas de champanhe do reveillon anunciaram a entrada nos anos 80. Deixou os cabelos compridos e o ar de glam-rocker, e assumiu um look mais masculino de bigodinho e um guarda-roupa desportivo (que quase parecia um fato de treino) que lembrava o do nosso Carlos Paião, onde nem sequer faltavam os ténis.

Menos intencional foi a imagem patriótica com que o mundo ficou do Bruce Springsteen que vociferava em "Born in the U.S.A." e a associação do mesmo à bandeira norte-americana. Foi um acaso, a letra era bem mais crítica e social.

Outro acidente feliz de percurso aconteceu com os experientes músicos Toto que fazem uma transferência imediata do seu nicho de rock progressivo para a exposição do grande público pop à custa de uma só canção: a célebre "Africa".

Outra transição célere do rock progressivo para a esfera do rock de massas aconteceu com os Yes e o hit "Owner Of A Lonely Heart" que provocou dores de alma nos fãs mais fundamentalistas do grupo que abominaram o ar de “malha” à anos 80 do tema.
A partir do submundo da folk alternativa, também houve umas quantas convocatórias inesperadas para a pop-rock mainstream, como os Waterboys (e o seu êxito "The Whole of the Moon") e os Dexys Midnight Runners (e esse portal para o sucesso chamado "Come On Eileen") a disputarem a ribalta com bandas mais talhadas para o assunto.

Nem mesmo a apelidada melhor banda rock da década, os U2, escapou a alguns excessos típicos. Bono, por exemplo, também foi contaminado pela epidemia do corte de cabelo à Paulo Futre quando corriam os dias do Live Aid (em 1985), poucos anos depois depois da imagem mais guerreira e discreta com que se mostraram ao mundo.
Texto publicado no Cotonete
Imagens YouTube de cima para baixo: Mick Jagger – “Just Another Night”; Dire Straits – “So Far Away”; David Bowie – “Blue Jean”; Bruce Springsteen & The E-Street Band – “Born in the USA”; Yes – Owner of a Lonely Heart; U2 – “Bad”.
Imagens fixas de cima para baixo: Bob Dylan; capa do álbum Trans de Neil Young; Tina Turner; Queen; capa de Africa dos Toto; Dexys Midnight Runners.

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Vai assim a contagem...

41º Vários - Ed Sullivan's Rock 'N' Roll Classics - The British Invasion
42º Vários – Buena Vista Social Club
43º Vários - Message to Love: The Isle of Wight Festival
44º Ramones - End Of The Century
45º Pink Floyd - Live at Pompeii
46º Mahalia Jackson - Mahalia Jackson
47º Vinícius de Moraes - Vinícius
48º The Supremes - Reflections: The Definitive Performances 1964-1969
49º Charles Mingus - Live in '64
50º Marc Bolan And T Rex - Born To Boogie

51º Jeff Buckley - Live in Chicago
52º U2 - Zoo TV, Live From Sydney
53º Vários - American Folk-Blues Festival: The British Tours 1963-1966
54º Iggy Pop - Iggy in Paris
55º Nina Simone - Live At Montreux 1976
56º Roy Orbison - Black And White Night
57º Madonna - The Girlie Show - Live Down Under
58º Vários - Glastonbury
59º Nirvana - Unplugged In New York
60º The Flaming Lips - The Fearless Freaks

61º The Police - Everyone Stares: The Police Inside Out
62º Vários - Festival Express
63º Portishead - PNYC - Live At The Roseland Theatre
64º Sigur Ros - Heima
65º Peter Gabriel - Secret World - Live
66º Serge Gainsbourg - D'Autres Nouvelles des Étoiles
67º Prince - Sign 'O' The Times
68º Marisa Monte - Memórias, Crônicas e Declarações de Amor
69º Devo - Live 1980
70º The Smashing Pumpkins - Vieuphoria

71º The Velvet Underground - Velvet Redux: Live MCMXCIII
72º Simon & Garfunkel - The Concert in Central Park
73º Dead Boys - Live! At CBGB OMFUG:1977
74º The Who - Amazing Journey: The Story of the Who
75º The Cramps - Live at Napa State Mental Hospital
76º Siouxsie And The Banshees - Nocturne
77º The Doors - Soundstage Performances
78º Queen - Live At Wembley Stadium
79º Vários - The Concert for Bangladesh
80º Gorillaz – Demon Days Live at Manchester

81º Ella Fitzgerald - Live in '57 and '63 (Jazz Icons)
82º Bob Dylan – The Other Side of the Mirror
83º Duran Duran - Greatest - The DVD
84º James Brown - Live at Chastain Park
85º The Wire – Scottish Play: 2004
86º Dead Kennedys - The Early Years Live
87º Nick Cave & The Bad Seeds – The Videos
88º Curtis Mayfield - Live at Ronnie Scott's
89º The Clash - Westway to the World
90º Duke Ellington - Jazz Icons: Duke Ellington Live in '58

91º Wu-Tang Clan - The Legend of the Wu-Tang - The Videos
92º Stevie Wonder - Live In Japan, 1982
93º Van Morrison - Live at Montreux 1980 and 1974
94º Dizzie Gillespie - Jazz Icons: Live in '58 & '70
95º Fela Kuti - Music Is the Weapon
96º Neil Young & Crazy Horse - Year of the Horse
97º Dead Can Dance - Toward The Within
98º Miles Davis – Miles Electric: a Different Kind of Blue
99º PJ Harvey - On Tour - Please Leave Quietly
100º Minor Threat - DC Space / Buff Hall / 9:30 Club

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
42º Vários – Buena Vista Social Club
Documentário de Wim Wenders sobre as grandes lendas musicais de Cuba.

41º Vários - Ed Sullivan's Rock 'N' Roll Classics - The British Invasion
Compilação de performances televisivas de bandas rock britânicas para o programa apresentado por Ed Sullivan.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

sábado, 22 de novembro de 2008

EXCITAÇÃO DA SEMANA: GRACE JONES, «HURRICANE»


Durante o hiato de 19 anos, passaram-se coisas que tiveram a ver com a esfera enigmática de Grace Jones. A explosão do trip-hop, a popularidade de uma banda mais prosaica como os Skunk Anansie ou os sons urbanos sofisticados de hoje vindos de cantoras como M.I.A. e Nneka inspiraram-se, muitas vezes inconscientemente, no fantasma oculto de Grace Jones.
Os efeitos psicossomáticos do novo Hurricane provêm de um triângulo Atlântico entre Kingston, Nova Iorque e Paris – entre o reggae, a electrónica e o cabaret – e superiorizam os efeitos naturais do triângulo das Bermudas. Mais misterioso que a perca de rasto de um petroleiro ou de uma aeronave nos mares tormentosos das Caraíbas, é o desaparecimento de Grace Jones da secção de novidades das lojas de discos durante 19 anos.
Pouco interessa desvendar agora o enigma, há que perder tempo já com aquele que é o grande regresso do ano: Hurricane... Um filme de terror soul que inclui a infernização do gospel e um ambientalismo austero que põe o ouvinte em sentido. Medo, sedução, o universo sensorial é desperto em pleno pela senhora com o pé em cima da cadeira do palco: Grace Jones, outra vez. A diva futurista. (Wall of Sound, 2008)

Pode ler artigo desenvolvido no Cotonete.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.

44º Ramones - End Of The Century
Documentário que é um retrato mais íntimo da história da banda punk nova-iorquina.

43º Vários - Message to Love: The Isle of Wight Festival
Documentário de Murray Lerner sobre o Festival da Ilha de Wight de 1970.

[Joni Mitchell – “Big Yellow Taxi”]
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

CROMOS DOS ANOS 80: OITENTISTAS NATOS

Falar dos anos 80 e não falar de Madonna é impossível; falar de Madonna e não falar dos anos 80 também.
Com uma voz mais aguda do que a possui hoje, Madonna apareceu ao mundo com uma imagem provocante, descontraída e bem pensada, com roupas escuras que exibiam algumas partes da lingerie, luvas pretas, cabelos puxados, olhos muito pintados e um arsenal numeroso de pulseiras e de colares.

Os arranjos electrónicos das suas músicas soavam inocentes mas as melodias de "Like a Virgin", "Into the Groove" ou "Crazy for You" agarraram os ouvidos do grande público.
Michael Jackson é a outra grande figura que glorificou os anos 80 com a operação relâmpago do álbum Thriller. Com uma pop atractiva e bem ritmada, causaram impacto os seus números de dança, a sua imagem de casaco de cabedal arregaçada e as suas meias brancas milimetricamente expostas.

Mas houve muito boa gente que foi de tal maneira feita para os anos 80 que nasceu e morreu com a década, não se adaptando aos novos tempos. Os motivos de falência tiveram consequências diferentes: artísticas, mediáticas, ou ambas.
Os rockers australianos INXS foram autênticas celebridades de estádio mas as luzes da ribalta foram-se apagando à medida que os anos 80 se foram afastando do presente. A figura do vocalista Michael Hutchence e o insucesso da década seguinte não encaixaram.
O trio de electro-pop A-Ha também gozou como pôde o decénio do ZX-Spectrum, desde que rompeu o anonimato através de videoclip criativo, inspirado na BD, "Take on Me", numa caminhada ascendente feita do mérito de uma senbilidade colectiva para o formato da canção que os levou a assinar o tema principal de um dos filmes de James Bond (Living Daylights - Risco Imediato).

Os mais estranhos e atmosféricos Talk Talk, guiados pela poderosa voz de Mark Hollis, também tiveram várias boas-vindas por parte do público mainstream ao longo de toda a década de 80, com um número considerável de hits (como "Such a Shame" ou "It’s My Life").
Billy Idol encontrou nos tiques de Elvis a razão para largar o som punk dos anos 70 que praticou com os extintos Generation X e deu-se bem com a receita pop durante... 10 anos, porque os anos 90 já não quiseram nada com ele.

A mais arty Kate Bush foi também um rosto familiar na época. As Bangles foram mostrando as garras pop de uma banda feminina. E a alienígena Cindy Lauper teve também o mundo a seus pés, somando êxitos como "True Colours" e "Girls Just Wanna Have Fun". Lena d’ Água foi uma das nossas oitentistas natas, tendo sido até objecto de abertura de um dos programas de Countdown, apresentado pelo inesquecível Adam Curry, com o vídeo de "Dou-te Um Doce".
O famoso corte de cabelo mais comprido atrás e um pouco esquisito à frente não atrapalhou o percurso quixotesco de estrelas pop como Paul Young e Nik Kershaw, que foram outros símbolos genuínos daquele tempo. Só daquele tempo.

E quem conhece o parodiante Falco, os mais rockers Starship, os efusivos Level 42, o estiloso Rick Astley ou a nossa Lara Li? Na altura, quase todos. Hoje, quase ninguém. Todos eles foram vítimas do lado amnésico da máquina do tempo.
Texto publicado no Cotonete.
Imagens YouTube: “Borderline” – Madonna; “Original Sin” – INXS; “Such a Shame” – Talk Talk; “Eternal Flame” – Bangles; “Lessons in Love” – Level 42.
Fotos: Madonna; Michael Jackson; A-Ha; capa de Rebel Yell de Billy Idol; Nik Kershaw.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
46º Mahalia Jackson - Mahalia Jackson
Compilação de performances para o programa de TV The Bell Telephone Hour, entre 1957 e 1962.
45º Pink Floyd - Live at Pompeii
Filme-concerto de Adrian Maben rodado em 1971, na antiga cidade romana de Pompeia.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

terça-feira, 18 de novembro de 2008

PARA QUANDO EM DVD?


Pixies na Brixton Academy, em Londres, 1991
Trata-se da filmagem ao vivo mais longa que se conhece da vida criativa dos Pixies (1986-92) – o concerto chegou a ser transmitido integralmente no segundo canal da RTP, num início de tarde de sábado, em 1993.
Para quem gosta de todos os discos dos Pixies com uma intensidade quase igual, este é um documento capaz de agradar. O alinhamento é muito salomónico na forma como inclui músicas de todas as fases do grupo.
À altura, a banda apresentava as músicas novas do então futuro álbum Trompe Le Monde (o remate final à discografia do grupo), numa digressão que passou pelo Porto e por Lisboa (a actuação no Coliseu dos Recreios foi memorável!). A banda estava no topo da forma.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.

48º The Supremes - Reflections: The Definitive Performances 1964-1969
Compilação de performances filmadas entre 1964 e 1969.
47º Vinícius de Moraes - Vinícius
Documentário em DVD duplo sobre a obra de Vinicius de Moraes.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

domingo, 16 de novembro de 2008

CROMOS DOS ANOS 80: OS PROFISSIONAIS DOS SLOWS


As baladas, os denominados slows, foram um clássico dos anos 80. Não havia festa de adolescente que não tivesse o período romântico da dança do par, com o leitor de cassetes a disparar para o ar já acalorado da sala de condóminos os sons inconfundíveis de um “Glory of Love”, o tema de Peter Cetera para o filme Karate Kid II, ou o célebre “We’ve Got Tonight” do canastrão dos românticos Kenny Rogers, em dueto especial com Sheena Easton.

Talvez o filme mais representativo da época, no seu melhor ou no seu pior (conforme as preferências), fosse o musical teen Dirty Dancing (ou Dança Comigo), cuja canção “Time of My Life” (Bill Medley e Jennifer Warnes) terá inspirado uns quantos Patrick Swayzes e umas quantas Jennifer Greys por esse mundo fora.
Mas o profissional-mor dos slows, com uma dedicação incansável ao longo dos anos 80, há que reconhecer, é Phil Collins. Muitos casais que se terão formado nos anos 80 poderão dever-se a este bom homem, produtor em série de baladas de sucesso como “One More Night”, “Separate Lives” ou “A Groovy Kind of Love”. Podia não ter a estatura física tradicional de um crooner mas o ex-baterista dos Genesis foi uma autêntica fábrica de canções ternas.

Mas havia outros batidos no assunto que se deram também bem com os anos 80, como a voz de conhaque de Joe Cocker a abrilhantar umas quantas melodias gentis, o savoir-faire de Elton John, ou Rod Stewart que sempre chamado para arqueiro de flechas, revelou pontaria num número considerável de corações.
Bryan Adams era bastante mais novo mas soube seguir as pisadas de Rod, com uma pinta rebelde de rocker, a recomendável rouquidão vocal e aquele jeito para iluminar serões românticos onde encaixavam na perfeição hits seus como "Heaven".

Bryan Ferry, vindo dos Roxy Music, também se mostrou um entendido nas temáticas de sedução e o resto do mundo ficou a conhecê-lo melhor quando se lembrou de fazer uma canção como "Slave to Love", que se enquadra às mil maravilhas numa das cenas cor-de-rosa do namoro entre Kim Basigner e Mickey Rourke, do polémico filme Nove Semanas e Meia.
O fenómeno one-hit wonder de Jennifer Rush com "The Power of Love" foi momentâneo, mas serviu de inspiração para toda uma carreira como a de Celine Dion e provou que as mulheres têm também uma palavra a dizer em matéria de slows (ou no seu pior, as xaropadas).

Da soul, vieram mais convertidos que se entusiasmaram com esses momentos doces da pop. Que o digam Stevie Wonder e o seu incontornável "I Just Called to Say I Love You", ou acima de tudo Lionel Richie, o crónico visitante da televisão com a sua carteira de êxitos românticos como "Hello" ou "Say You Say Me", com um visual recomendado para a altura: o bigodinho da praxe e uma carapinha bem estendida até ao pescoço.
Texto publicado no Cotonete.
Imagens YouTube de cima para baixo: vídeo de “Time of My Life” de Bill Medley e Jennifer Warnes; vídeo de “Every Beat of My Heart” de Rod Stewart; extracto do filme Nove Semanas e Meia de Adryan Line sonorizado por “Slave to Love de Bryan Ferry; vídeo de “Say You Say Me” de Lionel Richie.
Fotos de cima para baixo: Kenny Rogers; Phil Collins; Jennifer Rush.

sábado, 15 de novembro de 2008

EXCITAÇÃO DA SEMANA: HELDER MOUTINHO, «QUE FADO É ESTE QUE TRAGO»


2008 é ano de Helder Moutinho nos mostrar o seu mais recente álbum Que Fado É Este Que Trago. E de nos provar novamente que é um bocadinho diferente. Falso clone de Camané, rasa-lhe o nível mas não a identidade.
A recente colheita tem brisa marítima (como grande parte dos fados), uma contemplação melancólica, uma saudade insatisfeita, carregando o disco a cada faixa a impossibilidade de responder à pergunta do título. Que fado é este que Helder Moutinho nos traz? Não sabemos. O fado lança o mistério. (HM Música, 2008)
Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
50º Marc Bolan And T Rex - Born To Boogie
Filme-concerto do ex-Beatle Ringo Starr que apanha o auge dos T. Rex durante o movimento do glam-rock, em 1972.

49º Charles Mingus - Live in '64
Registo filmado de vários concertos da sua digressão europeia de 1964.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

CROMOS DOS ANOS 80: OS EXCÊNTRICOS

Muito graças ao estímulo da criação da MTV (em 1982), os programas de música pop invadiram tudo o que fosse canais de televisão durante os anos 80, ainda por cima em horários acessíveis (como os finais de tarde).
Tratando-se de uma época fértil para a pop em figuras excêntricas, a invasão visual era bárbara sob o ponto de vista dos menos avisados.
O que poderia achar a avózinha que tricotasse a bela camisolinha de lã para o seu neto diante de um pequeno ecrã que exibisse uma figura em êxtase como Limahl (dos Kajagoogoo), com o seu cabelo multicolor (loiro em cima, quase preto junto às orelhas), o seu penteado punk de cabelos espetados até ao céu e a sua voz esforçadamente esganiçada a cantar o belo "Never Ending Story"? O que poderia pensar a velhinha de uma coisa daquelas afinal? Que aquele já não era o seu tempo, que aquele já não era o seu planeta, ou que simplesmente Limahl vinha de outro (e talvez viesse mesmo).

Mas Limahl estava longe de ser o único vistoso do seu tempo. A maquilhagem e a voz afeminadas de bandas como os Ultravox ou os Human League, com os seus ares extra-terrestres, baralhavam os mais agnósticos. Perante uma banda como os Culture Club, as dúvidas eram ainda maiores ao se ver a figura transvestida do seu vocalista Boy George no videoclip "Karma Chameleon", situado num imaginário aparentemente inocente do Mississippi do século XIX.

O choque visual aumentava com a imagem bem menos ambígua dos Frankie Goes to Hollywood, com a sua iconografia gay de dançarinos de bigode, vestindo guarda-roupas escuros de couro, das boinas às camisolas de alças e às calças. A mensagem de êxitos como "Relax" era explícita quanto ao conteúdo de um orgulho diferente e encurtava caminho na mudança das mentalidades, à semelhança do que aqui acontecia com António Variações e com a sua imagem de ave rara, enquanto unia na mesma canção Braga a Nova Iorque e conquistava justamente os corações dos portugueses. Os Soft Cell, os Erasure e os Communards, com a sua imagem arrojada, também ajudaram a popularizar uma forma de vida diferente.


Os hard-rockers
Os anos 80 foram também uma época de boom para a malta de cabelos comprimidos mais romântica: falamos dos hard-rockers que abriam o coração e a também camisa, nunca desvalorizando a musculada peitaça. No campo do hard-rock sentimentalão, os Whitesnake eram uns campeões, cantando "Is This Love" e baladas afins, recrutando mulheres sensuais e uma cama para a cenografia, tomando todas as diligências para que o vídeo fosse funcionasse minimamente dentro dos domínios do tórrido. Mas a competição era aguerrida: que o digam os mais batidos Def Leppard e Scorpions, ou os mais caloiros Bon Jovi. Os Europe não se ficavam atrás e preenchiam, aliás, todos os parâmetros do género: melodias choramingas, algumas pancadas megalómanas (palcos gigantes ou uma bateria do tamanho de um navio de guerra), e coreografias colectivas de cabelos compridos ao vento no momento sagrado dos solos de guitarra.


Os supra-sumos da excentricidade
Quando se fala dos anos 80, nada é tão impressionável como os dois nomes que se vão seguir. Desafiaram uma nova adjectivação como ninguém: classificá-los de divertidos ou de hediondos parecia insuficiente, perante uma imagem e um som para lá dos limites da normalidade.

Para os que se tinham irritado com os ABBA na década anterior, mal sabiam que vinha aí um fenómeno bem mais aterrador: os germânicos Modern Talking. Mal o vocalista moreno começava a cantar, o guitarrista loiro aproximava-se da objectiva da câmara para o acompanhar nos movimentos dos lábios. Era uma imagem de marca e nunca lhes faltava um sorriso. Mas nada batia o efeito choque do seu som: um synth-pop espalhafatoso, esmagadoramente alegre para uns, absolutamente pindérico para outros. Mas o que interessava é que não passavam despercebidos.
Outro choque com que os vendedores de discos se familiarizaram chama-se Richard Clayderman, o pianista do registo erudito light que decorou ambientes amorosos com versões de clássicos que terão provocado algumas voltas nas tumbas de alguns dos seus compositores históricos. Ninguém se vai esquecer dos fraques de Clayderman com laçarote, do seu cabelinho loiro de tigela, nem dos fundos brancos das suas capas de discos.
Texto publicado no Cotonete.

OS CROMOS DO ANOS 80


Recordamos a caderneta dos cromos dos anos 80. Mesmo que aqui e ali mais humorada e auto-crítica, esta é a nossa declaração de amor à década que revelou ao mundo Madonna e que foi um pesadelo para Bob Dylan.
Os anos 80 foram anos de expansão de um maior individualismo e de uma falsa modernidade. Mas há alguma pureza nos seus excessos a que nos rendemos. Às vezes com saudades. Às vezes com um riso envergonhado.
Na verdade, ninguém sai dos anos 80 com o cadastro limpo. Nem nós. Perdoem-nos.
Dos profissionais dos slows aos vídeos de Madonna, dos oitentistas natos aos oitentistas forçados, seguem-se várias perspectivas que importam ler, ver e ouvir. Esperemos que gostem.
Texto publicado no Cotonete

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
52º U2 - Zoo TV, Live From Sydney
Registo filmado de uma actuação na Austrália em 1993, nos últimos dias da extensa Zoo TV Tour.

51º Jeff Buckley - Live in Chicago
Registo filmado de uma actuação de 1995.
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

domingo, 9 de novembro de 2008

ÁLBUM DE RECORDAÇÕES #15: SOFT CELL, «NON-STOP EROTIC CABARET» (1981)


Álbum seminal dos Soft Cell, recebe agora uma reedição remasterizada que, à semelhança de outras, tem como maior mérito a recuperação da memória do feito (mesmo que um pouco adulterada).
A obra-prima do seu compositor Marc Almond é uma exploração destemida pelo bairro vermelho das grandes cidades, com uma colheita de canções dificilmente igualável no bolso: o popular à nascença “Tainted Love”, o mais esotérico “Sex Dwarf” ou a melancolia arrebatadora de “Say Hello, Wave Goodbye”, só para citar os mais sonantes.

O impacto artístico do disco supera muito o círculo synth-pop em que é contextualizado. Sem Non-Stop Erotic Cabaret, teríamos tido depois nomes tão diferentes como os mais atmosféricos Talk Talk ou os pecaminosos Pulp, tal como os conhecêramos? (Sire)

sábado, 8 de novembro de 2008

EXCITAÇÃO DA SEMANA: O NOVO PUNK


Abe Vigoda, Skeleton (Universal, 2008)
“Punk's not dead” era um lema de meados dos anos 80, celebrizado por um tema dos Exploited, que tinha uma casmurrice de beato. Mas hoje a frase ganha uma outra actualidade como diagnóstico verdadeiro do que se passa na música em 2007-08.
Nos dias que correm, o punk perdeu a palidez de doente de há vinte anos e nem sequer necessita da plástica artificial que o mainstream de Green Day e afins nele investiu nos anos 90. Está vivinho da silva. Viril, criativo e descentralizado de um epicentro geográfico. Mas diferente.

O destino exótico da moda já não é a Jamaica do reggae mas a Nigéria do afrobeat, onde bandas indie pop adoráveis como os Yeasayer ou os Vampire Weekend descobrem o seu "ouro negro". Que o digam casos recentes como os californianos Abe Vigoda que com o seu álbum recente Skeleton (o terceiro tomo da discografia) generalizaram a aplicação do termo "punk tropical".
White Denim, Workout Holiday (Full Time Hobby, 2008)
Porém, as músicas mais experimentais dos Abe Vigoda são um carrossel veloz que as convenções ainda não têm tempo para apanhar. Na intimidade com o formato apetecível da canção, o punk mais versátil dos White Denim ganha aos pontos.
O disco longo Workout Holiday, que baptiza o trio texano nas lojas europeias, é um interessantíssimo retrato-tipo do punk contemporâneo. A pesca já não é tanto à linha ríspido-minimal clássica mas à rede vasta de músicas diversas que estão acessíveis ao comum internauta.
Outra característica do punk de hoje que Workout Holiday salienta é a inspiração da funcionalidade do laptop num motor de busca musical mais humano e arcaico, elaborado e criado pelos velhos meios suados entre as quatro paredes de uma garagem.
A entrada do álbum dos White Denim é, desde logo, triunfal: os dois primeiros temas “Let’s Talk About It” e “Shake Shake Shake” prenunciam Workout Holiday como um clássico instantâneo com aquela capacidade de concisão punk ao elementar que chama bandas de culto compatriotas como os Hüsker Dü ou os Minutemen para a árvore genealógica do grupo.

Sem perder o fogo, o grupo multiplica depois as pistas musicais. Sempre com o condimento punk na mistura, a banda experimenta os mais diversos cozinhados: a trova glam ao piano, o psicadelismo com caril indiano à Ravi Shankar ou aquele psicadelismo florido e mais ocidentalizado à Love, o mod-rock dos Who de um ginásio de musculação mais exigente e o picante africano nos acordes de guitarra de ensaios furiosamente rockeiros.
Workout Holiday é uma óptima prova de que o fôlego físico e o conhecimento enciclopédico combinam.
Texto editado de artigo publicado no Cotonete que pode ler aqui.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
54º Iggy Pop - Iggy in Paris
Registo filmado de uma actuação da Iguana em Paris, no início da década de 90.

53º Vários - American Folk-Blues Festival: The British Tours 1963-1966
Registo filmado das digressões da velha guarda do blues pela Grã-Bretanha.

[Big Joe Turner em acção]
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O FALSO DESAFINADO


Ornette Coleman, ontem, na Aula Magna
Não afinou. Não finou. Refinou. Libertou. Mais uma vez, o jazz e a música.
Foi jazz de primeira linha. De jazz fora de linha. O verdadeiro desalinhado.