sábado, 28 de fevereiro de 2009

EXCITAÇÃO DA SEMANA: AMADOU & MARIAM, «WELCOME TO MALI»


O célebre casal de cegos Amadou & Mariam vem da África Ocidental mas representa uma África ocidentalizada. Oriundos do musical Mali, cresceram no circuito africano, trabalhando futuras sortes sem custo de expectativas algumas. Quando um estranho fenómeno de sucesso em França foi ao seu encontro nos anos 80, aquilo que lhes pareceu um acaso, tinha outro nome: talento, a rodos. Mas foi sendo sempre preciso dizer-lhes isso.

Depois foram amadurecendo de praça em praça, incluindo por paragens lusas, num mundo que já parecia perfeito, de música nova ligada às raízes a que designamos como world music. Amadou & Mariam encantavam tudo e todos. Incluindo Manu Chao que ao produzir o álbum da dupla maliana Dimanche à Bamako em 2005, lhes abriu outra porta, para um mundo pop-rock tão grande que não cabia lá só o paraíso. As repercussões tornaram-se incontroláveis e nem a participação na canção oficial do Campeonanto do Mundo de Futebol de 2006 lhes escapou.

Outro dos caprichos da sua fama por que não se matam é ter Damon Albarn a seus pés, mas aceitam-no, e de muito bom grado. Os Amadou & Mariam são levados pelas boas intenções do homem dos Blur para o projecto ao vivo African Express. E agora têm Albarn como produtor de três das 15 faixas do seu último álbum, o belíssimo Welcome to Mali.

No disco, reconhecemos imediatamente aos Amadou & Mariam uma simpatia melódica ao gosto ocidental, com uma capacidade de expansão nos mesmos modos meigos dos conseguidos pelo senegalês Youssou N' Dour, com os tais condimentos africanos a diferenciarem a receita. Mas na faixa de abertura, 'Sabali', onde Damon Albarn mais intervém, o ocidentalismo da dupla chega ao cúmulo de se perfumar com os cheiros da new wave francesa; a canção poderia ter sido feita por um projecto electro-pop gaulês dos anos 80 de disposição mais étnica, ou até pelos Air (imagine-se).

Mariam é o membro do casal que se desvia menos do seu continente de origem, com o seu canto harmonioso de sorriso africano colado ao rosto, cantando num dialecto, bambara, que já vem com música na gramática.

Já Amadou e a sua guitarra eléctrica dirigem-se mais aos fãs de blues-rock que descobriram em África uma nova fonte, de ares mais desérticos, que pode não dar água mas que produz sons deslumbrantes em série. Amadou faz-lhes a vontade com picados africaníssimos à Ali Farka Touré e uma rebeldia guerrilha a fazer lembrar os tuaregues Tinariwen.

Por vezes, o híbrido afro-ocidental de Amadou & Mariam é de tal forma grande que chegam a parecer uma convenção mundial de vários géneros: de indie rock, canto africano, blues à Mali, alguma boémia afro-beat e música contemporânea nos enfeites.

Há pequenas contrariedades no disco que o estrelato da dupla acarreta. O esforço poliglota em inglês é uma pequena concessão que empata a empatia (o uso do francês sempre tem um resultado mais poético e natural). E as participações do world rapper K'naan e do panfletário Keziah Jones são notas-de-rodapé que não se conseguem colar ao texto principal.

De resto, ouvimos os Amadou & Mariam num ponto africanamente ingénuo, de imperfeição perfeita, jamais caindo numa sofisticação mortífera. Quase perfeito. (Because Music, 2008)

Artigo publicado no Cotonete.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD


Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
9º The Beatles - The Beatles Anthology
DVD que parte de uma série televisiva da ITV que conta a história completa dos Beatles.
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

ELIS REGINA (1945-1982)


A INFLUÊNCIA

Para muitos, Elis Regina era a Voz do Brasil. Cantou as lágrimas e a dor do Brasil. Como mulher guerreira que era, não chorava. Mas fazia chorar.

Chamaram-lhe de Pimentinha, a amiga Rita Lee apelidava-lhe de Elis-cóptero, a história regista-a como a diva das divas do MPB (só Maria Bethânia se lhe comparava).

Cresceu de fenómeno televisivo do concorrido Festival de Música Popular Brasileira (exibido no canal TV Record), nos anos 60, para uma cantora imortalizada pelas interpretações de “Fascinação”, “Águas de Março” ou “O Bebado e A Equilibrista”, num reportório tão rico que deveria proibir apenas estes três destaques.
Atraiu os melhores compositores (António Carlos Jobim ou Edu Lobo) e as melhores composições, que Elis, generosa, retribuiu sempre com a magia da sua garra.

Politicamente incorrecta e sem papas na língua, foi uma combatente contra a ditadura militar que governava o Brasil, incluindo nas entrelinhas, fintando a censura com o sentimento das suas interpretações - a intuição do ouvinte completava a clandestina comunicação.

Vinte anos de carreira musical deram espaço para uma exposição internacional muito interessante. Actuou duas noites seguidas na sala mítica parisiense Olympia, em 1968 - algo até então inédito na música brasileira. Passou por grandes festivais de jazz de renome como o de Montreux. E esteve em Portugal, em 1978. Nas muitas entrevistas que dava à televisão, queixava-se frequentemente do seu 1,53m de altura. Mas em palco, a medição mentia escandalosamente. Não houve ninguém como Elis.

A MORTE

Elis Regina sempre atraiu as luzes da ribalta. Incluindo em Janeiro de 1982. Poucos dias antes da morte, a cantora apareceu no programa Jogo da Verdade, do canal TV Cultura, onde, sem temores e ao seu estilo, respondia em estúdio a todas as questões colocadas pelo moderador e por dois convidados.

Nessa altura, Elis Regina consumia pontualmente cocaína (um hábito no meio artístico), o que acontecia há um ano, desde que viajou para os Estados Unidos afim de acertar os pormenores de uma colaboração com o saxofonista norte-americano Wayne Shorter. O penúltimo namorado de Elis, o músico Guilherme Arantes, recordaria mais tarde que vira a cantora a snifar a perigosa e viciante droga no início de 1981, durante a breve relação.

No dia 18 de Janeiro de 1982, Elis Regina esteve, ao final da tarde, a socializar no seu apartamento de São Paulo com os músicos da sua banda e com o seu namorado de há seis meses, o advogado Samuel Mac Dowell, com quem a cantora procurava uma casa para viverem juntos. Segundo os testemunhos dos presentes, Elis bebeu nesse final de tarde vários copos de Cinzano e de uísque. Os músicos, entretanto, saem às 21 horas, e Elis Regina janta a sós com o seu companheiro. Às 23h30, Mac Dowell larga os aposentos da cantora. Elis fica sozinha para ouvir as gravações do seu próximo disco. Durante a madrugada, o advogado tenta em vão contactar telefonicamente Elis. Só à quinta tentativa, o consegue: a cantora explica-lhe que não ouviu o telefone por causa do volume alto da música. Mac Dowell não estranhou e achou a voz de Elis normal.

Dia seguinte, 19. Dia diferente. O namorado da cantora liga-lhe às 9h30 do seu escritório. O telefonema decorre normalmente. Até que, subitamente, Elis Regina começa a falar muito vagarosamente. Às tantas, pronuncia palavras indecifráveis. A voz Elis Regina afasta-se do telefone. De repente, o silêncio. Samuel Mac Dowell sai disparado do seu emprego e apanha um taxi até ao prédio de Elis. Para chegar ao quarto da cantora, o namorado tem que arrombar duas portas. Elis estava inanimada. Ao lado, estava um envelope vazio do tranquilizante Sonotrat. O stress de Mac Dowell teve como etapas nos minutos seguintes a ambulância que nunca mais chegava, as tentativas de reanimar Elis e o telefonema desesperado ao colega de trabalho mais próximo. Impaciente, Samuel Mac Dowell resolve chamar um táxi e levar Elis pelos braços, seguindo velozmente em direcção ao Hospital das Clínicas. O taxista era um emigrante português, de nome Gouveia, que só se apercebeu que o corpo inanimado que ia no banco de trás era o da cantora quando, mais tarde, ouviu no auto-rádio a triste notícia que chocaria o Brasil inteiro: “Elis Regina morreu”.

As várias autópsias confirmam a overdose de cocaína como causa principal da morte da artista. A droga terá sido ingerida oralmente, numa dose mortal. E a mistura com tranquilizantes e com álcool pode ter sido fatal.
O corpo esteve em câmara ardente no centro do palco do Teatro Bandeirantes, em São Paulo, onde Elis Regina brilhou em vida. As filas de milhares de pessoas para a verem tinham uma extensão absolutamente anormal. Dentro da sala, entoavam-se cânticos de temas popularizados por Elis. E até o Presidente de Estado João Figueiredo (responsável pela transição do país para a democracia) se comoveu publicamente, enviando um telegrama de condolências à família da cantora.

A cobertura televisiva do cortejo fúnebre de Elis Regina até ao Cemitério do Morumbi foi exaustiva, e incluiu filmagens de helicópetro. As rádios paulistas também não pouparam esforços.

Elis Regina morreu com 36 anos de idade, deixando órfãos três filhos de dois casamentos, um dos quais Maria Rita (que na altura contava apenas quatro primaveras), que tem hoje uma carreira internacional bastante reconhecida.

Artigo que faz parte do especial Brasil Fatal, publicado no Cotonete.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

EXCITAÇÃO DA SEMANA: JESSICA LEA MAYFIELD, «WITH BLASFEMY SO HEARTFELT»


O talento nunca mente, sobretudo quando se faz um álbum deste calibre com a idade de 19 anos: Jessica Lea Mayfield é a grande revelação country-pop dos últimos anos. O seu primeiro álbum, editado há meses nos Estados Unidos, está agora a chegar à Europa.

Os argumentos de With Blasphemy So Heartfelt pesam. Em 12 canções, Jessica Lea Mayfield revela-se cantautora de corpo (acústico) inteiro. Mia docilmente como Hope Sandoval, a ex-vocalista dos Mazzy Star. E tem na voz a candura maternal de uma Mirah ou de uma Laura Veirs - comparemo-la portanto a algumas das melhores singer-songwriters actuais. (Polymer Sounds, 2008)
Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
10º Neil Young - Neil Young: Heart of Gold
Filme-concerto de Jonathan Demme sobre uma actuação de Neil Young em Nashville, em 2005.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

BRASIL FATAL: CARMEN MIRANDA (1909-1955)


A INFLUÊNCIA
Maria do Carmo Miranda da Cunha é portuguesa de nascença (natural de Marco de Canavezes) mas carioca de alma. O mundo conheceu-a e idolatrou-a como Carmen Miranda, e ficou na história como a maior embaixadora do samba.

Emigrou com os pais ainda em bebé para o Brasil, e cedo despontou para uma carreira artística de sucesso no difícil mundo do espectáculo. Estrela de rádio nos anos 30. Estrela de casino. Estrela dos musicais norte-americanos. Estrela de Hollywood. Estrela.

Tornou-se na mãe do tropicalismo, com o seu ritmo de sambista que os filmes de Hollywood ajudaram a popularizar a uma escala mundial. Tropicalizou os velhos musicais americanos com aquele gostozinho especial e tornou-se na maior bandeira do Brasil durante a II Guerra Mundial e nos anos seguintes.

Graças à magia da sua arte performativa, transformou numerosas músicas, como ‘Cantoras do Rádio’ ou ‘O Que É Que a Baiana Tem’, em clássicos. Imortalizou filmes como o brasileiro “Alô, Alô, Carnaval” (1936), protagonizado com a irmã Aurora, ou o hollywoodesco “The Gang's All Here”, e lançou um complexo de culpa criminoso às longas-metragens que se perderam que a tinham como protagonista.

O seu nível de celebridade é tal que Carmen Miranda chega a actuar num banquete para o Presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, em 1940. Foi usada pelo Estado norte-americano como o símbolo da Política de Boa Vizinhança que os Estados Unidos implementaram durante a 2ª Grande Guerra que pretendia atrair a imigração de população latino-americana. E torna-se na artista mais bem paga do cinema.
A história não esquecerá o toque exótico que não se cansou de dar a Hollywood, com aquela imagem da fruteira na cabeça e aquele sorriso doce.


A MORTE
A vida de Carmen Miranda em Hollywood foi árdua. Desumanamente árdua. Comprometida por contratos que não conseguia recusar e mal casada com o seu empresário inábil e alcoólico, Carmen Miranda tenta manter o ritmo de trabalho e as poucas horas de sono à custa do consumo de pílulas e de tranquilizantes. A somar ao vício dos barbitúricos, Carmen Miranda torna-se alcoólica.

Carmen Miranda tem um aborto espontâneo em 1948, e o seu corpo vai cedendo, à medida que a dependência dos químicos aumenta. O seu regresso ao Brasil, catorze anos depois, em 1954, é aparatoso. Mas o seu ar magro choca os seus concidadãos. E faz uma cura de desintoxicação no seu país, que dura vários meses.

Após a aparente recuperação, regressa aos Estados Unidos em Abril de 1955, e ao ritmo intenso de espectáculos ao vivo, tanto em Cuba (à época, um país americanizado) como em Las Vegas. Mas regressam também os maus hábitos: o consumo de barbitúricos.

Nos primeiros dias de Agosto, actua no programa de TV do comediante Jimmy Durante, no qual sofre uma ligeira quebra duranta uma dança e é obrigada a apoiar-se no anfitrião que, muito profissionalmente, sabe disfarçar e manter o dinamismo. Na mesma noite, Carmen Miranda organiza uma pequena tertúlia com amigos na sua mansão de Beverly Hills. Bebeu, fumou cigarros e até cantou. Às duas da manhã, quando se encaminhava para o quarto, após ter retirado a maquilhagem na casa de banho, sofre um colapso cardíaco fatal. É encontrada morta pela sua empregada.

A consternação com o sucedido é grande, sobretudo no Brasil, para onde o corpo, embalsamado, é encaminhado no dia 12 de Agosto de 1955. O Rio de Janeiro assiste a um dos maiores cortejos fúnebres, é acompanhado por meio milhão de pessoas, num percurso que passa por alguns dos sítios do Rio de Janeiro importantes para a vida de Carmen Miranda, como a barbearia do pai, ou a rádio onde a dançarina trabalhou. Carmen Miranda tinha 46 anos.

Texto publicado no Cotonete. Pode ler aqui o especial Brasil Fatal.

BRASIL FATAL

O Brasil é a maior potência musical do hemisfério sul do planeta. Mas por atrás dos ares optmistas que reconhecemos no país, ocorre um estranho fatalismo que leva cedo as vidas de alguns dos maiores ícones musicais brasileiros.

Carmen Miranda, Elis Regina, Cazuza, Renato Russo, Chico Science e Cássia Eller foram cedo demais. Drogas, fadiga, acidente de carro ou a sida não pouparam os corpos destes gigantes da música brasileira.

“Morre jovem o que os Deuses amam, é um preceito de sabedoria antiga”, sentenciou Fernando Pessoa sobre a morte prematura de Mário de Sá-Carneiro, citando o romano Plauto. Ou como diria Cazuza, "melhor 10 anos a mil à hora do que mil anos a 10 à hora".

Texto publicado no especial do Cotonete que pode ler aqui.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Assim vai a contagem...

11º Bob Dylan – Don’t Look Back
12º Daniel Johnston - The Devil and Daniel Johnston
13º Elvis Presley - '68 Comeback Special
14º David Bowie - Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
15º Dandy Warhols vs. The Brian Jonestown Massacre – Dig!
16º Vários - Respect Yourself: The Stax Records Story
17º The Doors - The Doors Collection
18º Bob Marley & The Wailers - Live at the Rainbow
19º Vários - Festival!
20º R.E.M. - Tour Film Live

21º Vários - Live Aid
22º Sex Pistols - The Filth and the Fury
23º The White Stripes - Under Blackpool Lights
24º Abba - Abba: The Movie
25º Johnny Cash - The Johnny Cash Show: The Best of Johnny Cash 1969-1971
26º Marvin Gaye - The Real Thing In Performance 1964-1981
27º Thelonious Monk - Straight No Chaser
28º Neil Young and Crazy Horse - Rust Never Sleeps
29º Led Zeppelin – DVD
30º John Coltrane - Live in '60, '61 & '65

31º Björk - Greatest Hits - Volumen 1993-2003
32º Otis Redding - Dreams to Remember
33º Pixies - Pixies
34º Elvis Presley - The Ed Sullivan Shows
35º Beastie Boys – Video Anthology
36º AC/DC - Family Jewels
37º Paul Simon - Graceland - The African Concert
38º Rolling Stones - One Plus One
39º Depeche Mode - Videos 1986-1998
40º Ike & Tina Turner - Live in '71

41º Vários - Ed Sullivan's Rock 'N' Roll Classics - The British Invasion
42º Vários – Buena Vista Social Club
43º Vários - Message to Love: The Isle of Wight Festival
44º Ramones - End Of The Century
45º Pink Floyd - Live at Pompeii
46º Mahalia Jackson - Mahalia Jackson
47º Vinícius de Moraes - Vinícius
48º The Supremes - Reflections: The Definitive Performances 1964-1969
49º Charles Mingus - Live in '64
50º Marc Bolan And T Rex - Born To Boogie

51º Jeff Buckley - Live in Chicago
52º U2 - Zoo TV, Live From Sydney
53º Vários - American Folk-Blues Festival: The British Tours 1963-1966
54º Iggy Pop - Iggy in Paris
55º Nina Simone - Live At Montreux 1976
56º Roy Orbison - Black And White Night
57º Madonna - The Girlie Show - Live Down Under
58º Vários - Glastonbury
59º Nirvana - Unplugged In New York
60º The Flaming Lips - The Fearless Freaks

61º The Police - Everyone Stares: The Police Inside Out
62º Vários - Festival Express
63º Portishead - PNYC - Live At The Roseland Theatre
64º Sigur Ros - Heima
65º Peter Gabriel - Secret World - Live
66º Serge Gainsbourg - D'Autres Nouvelles des Étoiles
67º Prince - Sign 'O' The Times
68º Marisa Monte - Memórias, Crônicas e Declarações de Amor
69º Devo - Live 1980
70º The Smashing Pumpkins - Vieuphoria

71º The Velvet Underground - Velvet Redux: Live MCMXCIII
72º Simon & Garfunkel - The Concert in Central Park
73º Dead Boys - Live! At CBGB OMFUG:1977
74º The Who - Amazing Journey: The Story of the Who
75º The Cramps - Live at Napa State Mental Hospital
76º Siouxsie And The Banshees - Nocturne
77º The Doors - Soundstage Performances
78º Queen - Live At Wembley Stadium
79º Vários - The Concert for Bangladesh
80º Gorillaz – Demon Days Live at Manchester

81º Ella Fitzgerald - Live in '57 and '63 (Jazz Icons)
82º Bob Dylan – The Other Side of the Mirror
83º Duran Duran - Greatest - The DVD
84º James Brown - Live at Chastain Park
85º The Wire – Scottish Play: 2004
86º Dead Kennedys - The Early Years Live
87º Nick Cave & The Bad Seeds – The Videos
88º Curtis Mayfield - Live at Ronnie Scott's
89º The Clash - Westway to the World
90º Duke Ellington - Jazz Icons: Duke Ellington Live in '58

91º Wu-Tang Clan - The Legend of the Wu-Tang - The Videos
92º Stevie Wonder - Live In Japan, 1982
93º Van Morrison - Live at Montreux 1980 and 1974
94º Dizzie Gillespie - Jazz Icons: Live in '58 & '70
95º Fela Kuti - Music Is the Weapon
96º Neil Young & Crazy Horse - Year of the Horse
97º Dead Can Dance - Toward The Within
98º Miles Davis – Miles Electric: a Different Kind of Blue
99º PJ Harvey - On Tour - Please Leave Quietly
100º Minor Threat - DC Space / Buff Hall / 9:30 Club

domingo, 15 de fevereiro de 2009

EXCITAÇÃO DA SEMANA: SEASICK STEVE, «I STARTED OUT WITH NOTHIN AND I STILL GOT MOST OF IT LEFT»


I Started Out With Nothin and I Still Got Most of it Left é o terceiro longa-duração de Seasick Steve, um ex-"hobo" (o vagabundo íntegro e produtivo). Uma colheita deliciosa de invenções blues.

Com o fiel Dan Magnusson sempre a bater nos vários tambores e pratos da bateria, Seasick Steven conduz 11 temas de blues de tractor, com cheiro a trigo. O humor é fino. Jeito para contar histórias não lhe falta. E até nas introduções tem graça. A linguagem é terra-a-terra e lúdica, os assuntos são triviais (falando de coisas como insectos) mas não a forma de os tratar.

I Started Out With Nothin é um album de blues de som sujo, de toque campónio mesmo que com flutuações de ser possuído por um demónio mais colérico. É uma obra digna de um "hobo" sapiens sapiens. (Warner Bros, 2008)

Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
12º Daniel Johnston - The Devil and Daniel Johnston
Documentário de Jeff Feuerzeig que recolhe imagens filmadas pelo próprio Daniel Johnston.

11º Bob Dylan – Don’t Look Back
Documentário de DA Pennebaker sobre a digressão britânica de Bob Dylan em 1965.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
14º David Bowie - Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
Filme-concerto de DA Pennebaker sobre David Bowie na sua fase de Ziggy Stardust.

13º Elvis Presley - '68 Comeback Special
O renascimento do rei do rock eternizado numa actuação televisiva.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
16º Vários - Respect Yourself: The Stax Records Story
Historial da editora Stax, numa recolha de imagens que inclui concertos dos artistas do catálogo.

15º Dandy Warhols vs. The Brian Jonestown Massacre – Dig!
Documentário de Ondi Timoner sobre a relação entre os Dandy Warhols e os Brian Jonestown Massacre.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

domingo, 8 de fevereiro de 2009

OUTRAS EXCITAÇÕES

Seguem-se outras excitações recentes, organizadas por ordem decrescente de preferência.
John Frusciante, The Empyrean (Record Collection, 2009)
Em The Empyrean, John Frusciante volta a ser poupado em recursos humanos. E, para isso, não se poupa a si mesmo. Toca em tudo o que é instrumento (guitarra eléctrica, guitarra acústica, sintetizadores, caixa de ritmos, baixo, piano). E encontra no amigo Josh Klinghoffer (também do gangue de Vincent Gallo) um moço para todos os recados que tenta substituir a omnipresença de Frusciante para se desdobrar igualmente em todo o tipo de objectos: da bateria ao piano.
John Frusciante supera-se sempre a si mesmo ao longo do disco, como a amostra mais próxima de Jimi Hendrix que existe de um guitarrista sub-40 vivo. Tal como Hendrix, Frusciante mostra-se como um bom compositor e um ainda melhor performer, um homem de grandes vibrações que embala a música muito pará lá da sua maqueta-base.
John Frusciante não cabe nos quatro minutos da canção com os quais os Red Hot estão irremediavelmente comprometidos. O seu espírito é demasiado místico para isso e, ao longo do disco, pede-se para que cada música não termine - e Frusciante parece que nos está a fazer a vontade, numa generosidade emotiva e galopante em que Neil Young e os Crazy Horse são também muito bons. Deixem a música viver mais umas dezenas de segundos - e eles deixam.
Sem ter que ser por acessos de génio, John Frusciante relembra-nos que é um músico de corpo inteiro que usa o espaço físico possível de um disco compacto para exorcizar todos os seus demónios num exercício extremado que podemos baptizar como free rock. The Empyrean é a música em estado silvestre, tal e qual o é John Frusciante.
Pode ler aqui artigo desenvolvido no site Cotonete.
Neil Young, Sugar Mountain - Live at Canterbury House 1968 (Reprise, 2009)
Ouvimos este álbum ao vivo, gravado em 1968, e sorrimos. Sorrimos porque somos condenados a reconhecer que este se trata de um registo muito interessante, feito há muito tempo, e mesmo assim não dá para sentirmos um pingo de nostalgia que seja. Sorrimos porque temos 40 anos de vantagem sobre esta gravação e sabemos de antemão que Neil Young iria ser muito melhor.
O Neil Young que aparece ao microfone do Canterbury House, na pequena cidade norte-americana de Ann Arbor (estado do Michigan) está à beira de fazer 23 anos, com uma voz de garoto e um diamante na alma ainda por polir. Naquela exacta altura, Novembro de 1968, Neil Young estava nas vésperas de lançar o seu primeiro álbum a solo, de título homónimo, e a separação dos Buffalo Springfield (onde partilhava a liderança com Stephen Stills) estava fresca.
Sugar Mountain é Neil Young em estado rudimentar, despido de artíficos, a preparar-se para se maturar como um dos históricos do rock. Está cru mas recomenda-se.
Pode ler aqui artigo desenvolvido no site Cotonete.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

EXCITAÇÃO DA SEMANA: ANDREW BIRD, «NOBLE BEAST»


Desta vez, Andrew Bird refugiou-se na sua casa de campo do noroeste do estado de Illinois, bem longe da barulhenta Chicago onde sempre viveu. Conseguiu ouvir a natureza a cantar. E conseguiu ouvir-se a si mesmo. Desligou a amplificação das guitarras eléctricas de Armchair Apocrypha (de 2007) e virou músico folk. O violino que Bird tão bem toca, passa a assumir o protagonimo central com maior nitidez. A descontração instala-se no estúdio, e Andrew Bird brinca aos assobios, qual grilo cantante. E a pop bucólica, com uns empurrões subtis de música contemporânea, transforma-se num mágico tapete voador que transporta Noble Beast para 14 fascinantes viagens, uma por faixa, sem excepção, para encanto do ouvinte.

Com alguma maldade, poderíamos enganar algum amigo menos avisado e dizer-lhe que a faixa nº 11, "Natural Disaster", é de Beck, na sua faceta mais rural (ao estilo do seu álbum Sea Change, de 2002). Naquele caso, a mentira teria tudo para correr bem. Mas seria uma maldade. Das grandes. Sobretudo para Andrew Bird. Noble Beast é uma das maiores lufadas de ar fresco dos últimos tempos. (Fat Possum, 2009)

Pode ler aqui artigo desenvolvido no site Cotonete.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

LUX INTERIOR (1946-2009)


Como vocalista dos históricos Cramps, foi porta-voz do pesadelo americano... Um submundo aterrorizante que Elvis nunca sonharia inspirar.
Como outros, vibrei com o bichinho desse demónio.
Na memória, tenho ainda o concerto, tão estranho quanto fascinante, dos Cramps na Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa, em 1998 – o primeiro concerto de sempre em Portugal. Tudo foi bizarro: o anúncio público dado pelo organizador de convidar os SuperDragões a virem ao recinto (após uma derrota do FC Porto na Luz por 3-0); ou a mistura na multidão que nunca vira entre gays com fatos de marinheiro e skinheads. Mas nada bateu aquela hora e meia de rock & roll infernal teatralizado pelos Cramps e que termina com Lux a perfurar o palco, nu, e a sair no improvisado buraco.
Mesmo admitindo que os anos mais criativos dos Cramps possam ter sido os primeiros da década de 80 (de onde saiu o maravilhoso álbum Psychedelic Jungle, de 1981), o meu tema preferido é a faixa de abertura do álbum Big Beat from Badsville (de 1997), que abriu o concerto no Campo Pequeno: "Cramp Stomp".

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
18º Bob Marley & The Wailers - Live at the Rainbow
Registo filmado de uma actuação londrina em 1977.

17º The Doors - The Doors Collection
DVD de quase de três horas que compila todo o tipo de imagens do grupo, incluindo concertos e entrevistas.
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

domingo, 1 de fevereiro de 2009

EXCITAÇÃO DA SEMANA: BRUCE SPRINGSTEEN, “WORKING ON A DREAM”


O longo mais recente do "Boss" habilita-se ao pleno raro de conseguir agradar a gregos e a troianos. Se por um lado, este se afigura como o álbum mais disponível para conquistar o grande o público desde Born in the USA (de 1984); por outro, tem uma elaboração "workahólica" comparável a Born to Run (de 1975). A colheita de grandes canções com capacidade de projecção popular é fértil; mas também o é a imaginação fílmica de Springsteen que toma conta de cada canção ou o número de pistas musicais que o tabuleiro completíssimo da E Street Band oferece, de guitarras tão bem dedilhadas, de órgãos e pianos tão bem tratados, e de percussão tão eficiente, a que se acrescenta a assiduidade de arranjos de cordas que se identificam com a grandeza do disco.

De uma forma geral, Working on a Dream é uma obra de 12 canções (além do tema-bónus 'The Wrestler' para o filme do mesmo nome) de música americana à mais larga escala (meltdown de rock & roll, country e blues), de refrões épicos e de execuções gloriosas, com camadas de coros a virem de mil e uma direcções. Claro que estamos a falar de mais um álbum de Bruce Springsteen. Ou estaríamos. Raramente, o lado físico de ex-trabalhador das docas esteve tão coordenado com o intelecto bem trabalhado de homem culto e cavalheiresco, como neste disco. (Columbia, 2009)

[“My Lucky Day”]
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