segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

EXCITAÇÃO DA SEMANA: BEACH HOUSE, «TEEN DREAM»

Os Beach House conseguem repetir os mesmos truques da sua magia espiritual sem se repetirem. A guitarra de Alex Scally, que tem feitiço, elege um acorde por canção, e usa-o até à exaustão. E, seguindo a mesma economia de meios, a caixa de ritmos não sai da mesma programação ao longo de cada tema.

O som do teclado parece que está em fade out desde o início da canção, mas nós gostamos dessa despedida infinita, como se o som pudesse ter a eternidade fixa de uma fotografia. A bateria volta a ser o objecto menos manuseado do espaço. E a voz hermafrodita de Victoria Legrand mistura inocência com austeridade, e pede direito a ocasião religiosa. Pedido aceite, claro.

Qual é então a grande novidade de "Teen Dream" que não essa multiplicação luxuosa dos mesmos dons sempre com resultados entusiasmantes? Pois bem, os Beach House traíram o nome e afastaram-se da costa para uma floresta mais densa, onde se encontra o som lenhador dos freakadélicos Fleet Foxes. Não se sabe se houve algum transplante das cordas vocais de Robin Pecknold dos Fleet Foxes para a garganta de Victoria Legrand mas, pelo menos, as harmonias vocais tornaram-se espelhos um do outro, para proveito autoral dos Beach House.

A dezena de canções de "Teen Dream" impõe, de facto, respeito. 'Norway', 'Used To Be' e 'Take Care' ganham passe vitalício para entrarem na nossa frágil memória. Devagar se volta a ir longe. (Sub Pop, 2010)


Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

EXCITAÇÃO DA SEMANA: LAURA VEIRS, «JULY FLAME»


A benção de Laura Veirs tem sido a sua belíssima voz. A raridade da virtude vocal não tem sempre que ver com a sua amplitude (de soprano, meio-soprano, contralto, o que seja). E a preciosidade da voz de Veirs é a sua doçura.

Na nova colheita, Laura Veirs não só mantém os seus grandes talentos, como os aprimora. "July Flame" recebeu as influências da mudança de Laura Veirs de Seattle para Portland. Há uma maior presença de elementos da natureza nas letras meigas e sensíveis de Laura Veirs. O próprio título é uma designação de um tipo de pêssego que embeveceu a cantora num ida ao mercado. E a dedicação de Laura Veirs à composição das canções de "July Flame" (de 80 canções novas, a artista elegeu 13 para o disco) implicou meses a fio de cortinas fechadas na sala da sua casa, o que mereceu a desconfiança da nova vizinhança, em Portland.

A meninice que resistiu no intelecto (muito) adulto de Veirs está integralmente na sua música. De forma esmagadora. E também neste seu sétimo álbum, "July Flame". O dedilhar da guitarra acústica e do banjo são leves, cada apontamento ao piano e nos sintetizadores é telegráfico, o violoncelo evita ser invasivo e os corinhos têm uma simplicidade minimal. É tudo muito puro e poético.

É difícil dizer que "July Flame" é o melhor disco da cantora norte-americana (talvez seja, mas há discos rivais a ter em conta como "Carbon Glacier", de 2004). Mas é fácil afirmar que este é um dos primeiros grandes álbuns de 2010. Irresistível. (Bella Union, 2010)



Pode ler artigo desenvolvido no Cotonete.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

EXCITAÇÃO DA SEMANA: EELS, «END TIMES»


A música tem sido uma luz ao fundo do túnel para E, líder dos Eels. O estado de alma de E é o próprio fundo do túnel.

Afectivamente, Mark Oliver Everett (o nome civil de E) tem habitado piso sísmico abalado por tremores de terra de grande magnitude e de demasiada regularidade. A estrutura de E guardou-se exclusivamente para as suas canções. E nesse campo Mark Oliver Everett é um felizardo. Musicalmente, E é membro de uma classe média abonada. Como uma criança que recebe os conjuntos de Playmobil mais caros, E é um prendado pelo seu dom de sobredotado para a melodia pop. Oliver Everett é da elite, e os Eels, por arrastamento, também.

O estado anímico deprimido reflecte-se na voz amarga de E, as letras sobre separações conjugais e envelhecimento são também uma angústia, mas as brilhantes melodias dos Eels, qual varinha mágica, tudo elevam e salvam para um filme duro mas também fascinante e rico em fantasia. É assim o novo e oitavo álbum do grupo, "End Times".

O disco que merece esta prosa foi gravado em quatro pistas e publicado apenas sete meses depois do anterior "Hombre Lobo", o que elucida bem sobre a alta produtividade de Mark Oliver Everett. O cantor mantém aquele ar de patinho feio de quem acha que o mundo lhe deve alguma coisa, mas, em retorno, despeja boas canções como quem diz bom dia.

De belas instrospecções com almofadadinha pop (como o arrepiante desabafo de 'I Need a Mother') a temas ao estilo oldie do rock & roll (como 'Paradise Blues'), os Eels sabem experimentar de tudo.

Quando os Eels apareceram em meados dos anos 90, eram uma injecção criativa de pop-rock indie, electronicamente engenhosa, que rivalizava com Beck em alta. Hoje, os Eels são uma banda mais orgânica e física que mantém o estilo simultaneamente açurado e soturno cuja propriedade foi comprada com o seu mérito autoral. (Vagrant, 2010)

Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

sábado, 2 de janeiro de 2010

MELHORES CONCERTOS DE 2009


Dos que pude ver...

1º Patrick Watson no Super Bock em Stock

2º Wild Beasts no Super Bock em Stock

3º Seun Kuti no CCB

4º OqueStrada no Delta Tejo

5º Hadouken! no Alive!

6º JP Simões no Jardim de Inverno do Teatro S. Luiz

7º The Invisible no Super Bock em Stock

8º Fischerspooner no Alive!

9º Sara Tavares no Delta Tejo

10º My Bloody Valentine no Rock One

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

MELHORES ÁLBUNS NACIONAIS DE 2009

1º OqueStrada – Tasca Beat


2º Carminho – Fado

3º Micro Audio Waves - Zoetrope

4º JP Simões - Boato

5º Tó Trips - Guitarra 66

6º João Coração - Muda Que Muda

7º Sean Riley & The Slowriders - Only Time Will Tell

8º La La La Ressonance - Outdoor

9º Ana Moura – Leva-Me aos Fados

10º Mazgani - Tell the People