segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

NO MEU CINEMA: “A FOME” (2008), de STEVE McQUEEN

Parcial, como se quer de um filme; fundamentado, como se quer de um bom filme. Com a greve de fome dos terroristas do IRA contra Margaret Thatcher como pano de fundo (bem escuro), a longa-metragem do artista plástico Steve McQueen é um soco no meio de estômago, feito de silêncios e de violência física.

NO MEU CINEMA: «LUZES NO CREPÚSCULO» de AKI KAURISMAKI (de 2006)

Só agora vi o último filme de um dos realizadores que mais admiro do nosso tempo.
A forma do cineasta finlandês volta a ser a mesma: fleuma, cigarros e rock & roll.
Desta vez, a personagem errante é um segurança que passivamente, em nome de um amor perdido vai-se lá saber porquê, se deixa enganar por uma tramóia criminosa.
Eis mais uma palermice romântica de Kaurismaki. Uma palermice mais desbotada do que é normal.

domingo, 28 de dezembro de 2008

2008: UMA LETRA QUE ME FEZ RIR


"Dig, Lazarus, Dig!"
Letra e composição: Nick Cave
Interpretação: Nick Cave & The Bad Seeds

Dig yourself!
Lazarus dig yourself!
Lazarus dig yourself!
Lazarus dig yourself!
Back in that hole.

Larry made his nest high up in the autumn branches
Built from nothing but high hopes and thin air
He collected up some baby blasted mothers who took their chances
And for a while they lived quite happily up there

He came from New York city man, but he couldn’t take the pace
He thought it was like dog eat dog world
Then he went to San Francisco, spent a year in outer space
With a sweet little San Fransiscan girl.

I can hear my mother wailing and a whole lot of scraping of chairs

I don’t know what it is but there’s definitely something going on upstairs
[Dig yourself]
[Laz’rus dig yourself]
[Laz’rus dig yourself]
[Laz’rus dig yourself]
(I want you to dig)[Back in that hole.]

(I want you to dig)

(I want you to dig)Meanwhile Larry made up names for the ladies
Like miss Boo and miss Quick
He stockpiled weapons and took potshots in the air
He feasted on their lovely bodies like a lunatic
And wrapped himself up in their soft yellow hair

I can hear chants and incantations and some guy is mentioning me in his prayers.
Well, I don’t know what it is but there’s definitely something going on upstairs
[Dig yourself]
[Laz’rus dig yourself]
[Laz’rus dig yourself]
[Laz’rus dig yourself]
(I want you to dig)[Back in that hole.]

(I want you to dig)

(I want you to dig)Well L New York City man, San Francisco, LA, I don’t know
But Larry grew increasingly neurotic and obscene
I mean he, he never asked to be raised from the tomb
I mean no one ever actually asked him to forsake his dreams
He ended up like so many of them do, back on the streets of New York City
In a soup queue, a dopefiend, a slave, then prison, then the madhouse, then the grave
Ah poor Larry.

But what do we really know of the dead And who actually cares?

Well, I don’t know what it is but there’s definitely something going on upstairs.[Dig yourself]
[Laz’rus dig yourself]
[Laz’rus dig yourself]
[Laz’rus dig yourself]
(I want you to dig)[Back in that hole Dig yourself]

sábado, 27 de dezembro de 2008

2008: UM VÍDEO QUE ME IMPRESSIONOU

Grace Jones - "Corporate Cannibal"

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

2008: O FILME DO ANO

A Turma [Entre Les Murs], de Laurent Cantet

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

FELIZ NATAL!

Ao som do vadio "Fairytale of New York" dos Pogues e de Kirsty MacColl.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

2008: O DVD DO ANO

U2 - Live at Red Rocks

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

2008: OS MELHORES CONCERTOS


Dos que pude ver...
1º Leonard Cohen - Passeio Marítimo de Algés

2º Neil Young - Oeiras Alive!
3º Bob Dylan - Oeiras Alive!
4º Bill Callahan - Santiago Alquimista
5º Rui Reininho - Super Bock em Stock

6º Walkmen - Super Bock em Stock
7º Ornette Coleman – Aula Magna
8º Patrick Watson – Aula Magna
9º Hives – Oeiras Alive!
10º Shannon Wright – Santiago Alquimista

sábado, 20 de dezembro de 2008

2008: OS MELHORES ÁLBUNS NACIONAIS

1º Buraka Som Sistema - Black Diamond
2º Deolinda - Canção ao Lado
3º Helder Moutinho - Que Fado É Este Que Trago
4º Rui Reininho - Companhia das Índias
5º João Coração - Sessão de Cezimbra

6º Tucanas - Maria Café
7º Mafalda Arnauth - Flor de Fado
8º If Lucy Fell - Zebra Dance
9º Sérgio Godinho & Os Assessores - Nove e Meia no Maria de Matos
10º Kumpania Algazarra - Kumpania Algazarra

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

2008: OS MELHORES ÁLBUNS INTERNACIONAIS

1º Silver Jews - Lookout Mountain, Lookout Sea

2º MGMT - Oracular Spectacular
3º Fleet Foxes - Fleet Foxes
4º Portishead - Third
5º Gonzales - Soft Power
6º B.B. King - One Kind Favor
7º The Hold Steady - Stay Positive
8º Cat Power - Jukebox
9º Duffy - Rockferry
10º The Breeders - Mountain Battles

11º Grace Jones - Hurricane
12º White Denim - Workout Holiday
13º Black Mountain - In the Future
14º Beck - Modern Guilt
15º Vampire Weekend - Vampire Weekend
16º Lykke Li - Youth Novels
17º Melvins - Nude with Boots
18º Ladyhawke - Ladyhawke
19º Santogold - Santogold
20º Gnarls Barkley - The Odd Couple

21º Bon Iver - For Emma, Forever Ago
22º R.E.M. - Accelerate
23º Benga - Diary of an Afro Warrior
24º Scarlett Johansson - Anywhere I Lay My Head
25º The Gutter Twins - Saturnalia
26º Mudcrutch - Mudcrutch
27º Charlie Haden - Rambling Boy
28º Kings of Leon - Only by the Night
29º Heavy Trash - Going Way Out with Heavy Trash
30º Nneka - No Longer At Ease

Imagens YouTube (de cima para baixo): Silver Jews - "Suffering Jukebox"; The Breeders - "German Studies"; Gnarls Barkley - "Going On"; Nneka - "Heartbeat".
Fotos (de cima para baixo): Gonzales; Vampire Weekend; Gutter Twins.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
28º Neil Young and Crazy Horse - Rust Never Sleeps
Registo filmado de um concerto de Neil Young em 1979.

27º Thelonious Monk - Straight No Chaser
Documentário de Charlotte Zwerin que exibe as várias faces do pianista de jazz, durante uma digressão europeia em 1968.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

domingo, 14 de dezembro de 2008

EXCITAÇÃO DA SEMANA: “UPA: UNIDOS PARA AJUDAR”

O álbum de beneficência UPA: Unidos Para Ajudar, provindo da iniciativa da Encontrar-se (Associação de Apoio às Pessoas com Perturbações Mentais Graves), é um dos acontecimentos musicais do ano em Portugal. Com o apadrinhamento de Zé Pedro dos Xutos, fizeram-se dez parcerias sonantes (muitas delas encontros de 3º grau), que seriam publicadas mensalmente ao longo do ano no site da Encontrar-se para download a preço módico. No final, fez-se este álbum que tem como causa a luta "contra a discriminação das doenças mentais".
Destaque-se dois temas. O primeiro é “Vendaval” (de Camané e Dead Combo), que faz de Camané intérprete fadista da digestão pós-grunge de Carlos Paredes que os Dead Combo tão bem e cinefilamente fazem, numa prova tocante de que identidade lusitana e modernidade se podem misturar.
E “Loucura?, noutro momento digno, é a única colaboração de corpo inteiro do disco, entre José Mário Branco e os Mão Morta. Ambos partilham os créditos da letra e da composição musical, numa sintonia imprevisível mas não casual de portugalidade profunda com neurose que sempre caracterizou, em campeonatos diferentes, José Mário Branco e a banda bracarense. Talvez os Mão Morta tivessem caminhado estes anos todos com o 'FMI' de Branco no subconsciente; talvez a melancolia de canções do grupo minhoto como 'Abandonada' tivesse caído no goto de José Mário Branco há algum tempo. Mas de repente, em 'Loucura', tudo faz sentido: José Mário Branco poderia cantar para os Mão Morta; os Mão Morta poderiam ser a banda de José Mário Branco.
Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

sábado, 13 de dezembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
30º John Coltrane - Live in '60, '61 & '65
Registo de três fases ao vivo diferentes do saxofonista.

29º Led Zeppelin – DVD
Historial ao vivo das várias fases do grupo, em DVD duplo.

[“The Ocean” – 1973]
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Vai assim a contagem...

31º Björk - Greatest Hits - Volumen 1993-2003
32º Otis Redding - Dreams to Remember
33º Pixies - Pixies
34º Elvis Presley - The Ed Sullivan Shows
35º Beastie Boys – Video Anthology
36º AC/DC - Family Jewels
37º Paul Simon - Graceland - The African Concert
38º Rolling Stones - One Plus One
39º Depeche Mode - Videos 1986-1998
40º Ike & Tina Turner - Live in '71

41º Vários - Ed Sullivan's Rock 'N' Roll Classics - The British Invasion
42º Vários – Buena Vista Social Club
43º Vários - Message to Love: The Isle of Wight Festival
44º Ramones - End Of The Century
45º Pink Floyd - Live at Pompeii
46º Mahalia Jackson - Mahalia Jackson
47º Vinícius de Moraes - Vinícius
48º The Supremes - Reflections: The Definitive Performances 1964-1969
49º Charles Mingus - Live in '64
50º Marc Bolan And T Rex - Born To Boogie

51º Jeff Buckley - Live in Chicago
52º U2 - Zoo TV, Live From Sydney
53º Vários - American Folk-Blues Festival: The British Tours 1963-1966
54º Iggy Pop - Iggy in Paris
55º Nina Simone - Live At Montreux 1976
56º Roy Orbison - Black And White Night
57º Madonna - The Girlie Show - Live Down Under
58º Vários - Glastonbury
59º Nirvana - Unplugged In New York
60º The Flaming Lips - The Fearless Freaks

61º The Police - Everyone Stares: The Police Inside Out
62º Vários - Festival Express
63º Portishead - PNYC - Live At The Roseland Theatre
64º Sigur Ros - Heima
65º Peter Gabriel - Secret World - Live
66º Serge Gainsbourg - D'Autres Nouvelles des Étoiles
67º Prince - Sign 'O' The Times
68º Marisa Monte - Memórias, Crônicas e Declarações de Amor
69º Devo - Live 1980
70º The Smashing Pumpkins - Vieuphoria

71º The Velvet Underground - Velvet Redux: Live MCMXCIII
72º Simon & Garfunkel - The Concert in Central Park
73º Dead Boys - Live! At CBGB OMFUG:1977
74º The Who - Amazing Journey: The Story of the Who
75º The Cramps - Live at Napa State Mental Hospital
76º Siouxsie And The Banshees - Nocturne
77º The Doors - Soundstage Performances
78º Queen - Live At Wembley Stadium
79º Vários - The Concert for Bangladesh
80º Gorillaz – Demon Days Live at Manchester

81º Ella Fitzgerald - Live in '57 and '63 (Jazz Icons)
82º Bob Dylan – The Other Side of the Mirror
83º Duran Duran - Greatest - The DVD
84º James Brown - Live at Chastain Park
85º The Wire – Scottish Play: 2004
86º Dead Kennedys - The Early Years Live
87º Nick Cave & The Bad Seeds – The Videos
88º Curtis Mayfield - Live at Ronnie Scott's
89º The Clash - Westway to the World
90º Duke Ellington - Jazz Icons: Duke Ellington Live in '58

91º Wu-Tang Clan - The Legend of the Wu-Tang - The Videos
92º Stevie Wonder - Live In Japan, 1982
93º Van Morrison - Live at Montreux 1980 and 1974
94º Dizzie Gillespie - Jazz Icons: Live in '58 & '70
95º Fela Kuti - Music Is the Weapon
96º Neil Young & Crazy Horse - Year of the Horse
97º Dead Can Dance - Toward The Within
98º Miles Davis – Miles Electric: a Different Kind of Blue
99º PJ Harvey - On Tour - Please Leave Quietly
100º Minor Threat - DC Space / Buff Hall / 9:30 Club

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
32º Otis Redding - Dreams to Remember
Compilação de várias prestações ao vivo filmadas, durante os anos 60.

["(Sittin' On) The Dock of the Bay"]
31º Björk - Greatest Hits - Volumen 1993-2003
Compilação dos videoclips de Björk.

["Human Behaviour"]
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
34º Elvis Presley - The Ed Sullivan Shows
Compilação das passagens do Rei do rock & roll pelo programa de TV que o revelou.

[“Ready Teddy”/”Hound Dog”]

33º Pixies - Pixies
Retrato da 1ª vida que inclui videografia e uma actuação ao vivo londrina de 1988.

[“Alec Eiffel”]
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

OUTRA EXCITAÇÃO

Charlie Haden - Rambling Boy
Charlie Haden volta a ser musicólogo e músico ao mesmo tempo. Tem o papel benemérito de historiador e divulgador do arquivo folk, ao estilo de Harry Smith ou dos Lomax, em busca da Old Weird America. Mas fá-lo com um contrabaixo e não com um gravador. (Universal Classics, 2008)
Pode ler artigo desenvolvido no Cotonete.

domingo, 7 de dezembro de 2008

EXCITAÇÃO DA SEMANA: LADYHAWKE, «LADYHAWKE»


Ainda o Super Bock em Stock
Às vezes, a ressaca de um festival agarra-se mais às memórias de um concerto de qualidade secundária. É o que está a acontecer comigo no Super Bock em Stock.
Rui Reininho, Lykke Li e os Walkmen deram os concertos que mais me convenceram. Mas a actuação que ficou a remoer a mente foi a da estática Ladyhawke que, com uma banda de bom calibre, deu um concerto simpático, cuja pertinência está a resistir mais do que julgava na minha secção de impulsos sensoriais.

É o concerto de Ladyhawke o que me tem agarrado mais nos dias seguintes. De tal forma, que o consumo do álbum de estreia homónimo tem sido compulsivo e obsessivo, mesmo que meses depois do primeiro contacto.
E que belo álbum é, ponte entre o amor nostálgico pelo synth-pop dos anos 80 e uma hiper-criatividade para um indie prático e acessível para qualquer lar. Só lhe faltou o poder de concisão que foi apanágio do álbum Oracular Spectacular dos electro-freakers MGMT. 10 faixas bastariam, 13 são demais e causam desnecessários desequilíbrios. (Island, 2008)

sábado, 6 de dezembro de 2008

GET UP, STAND UP


Sobre os Walkmen no Super Bock em Stock
Sobre uma belíssima sala chamada Tivoli que tem cadeiras

Gostaria de fazer uma vénia àqueles corajosos que se levantaram, sem pudores e isoladamente, logo à segunda música do concerto, e que em pé se aguentaram durante a mesma. Felizmente, surgiu logo a seguir o rastilho de The Rat (a terceira música do alinhamento) que funcionou como uma mola e levantou toda gente.
Eu que tenho feito figuras idênticas, bem sei que é tramado. Mas há ocasiões rock demasiado sublimes que pedem muito mais do que o conforto de estar sentado. Lembro-me da minha resistência de pé e isolada durante um concerto dos Sonic Youth na Aula Magna (em 1999). Continuo a achar que o problema é das cadeiras (que estão a mais em situações como as descritas) e nunca de um incumprimento cívico.
Há ocasiões rock demasiado sublimes que pedem muito mais do que o conforto de se estar sentado. A experiência mística em que se tornou o concerto dos Walkmen é uma delas. Ainda bem que lhe fizemos justiça.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

AVENIDA DE LIBERDADES


Super Bock em Stock
Pareceu-me ter vingado bem o novo conceito deste festival estreante, que estimulou um corrupio deveras excitante entre várias salas do coração da cidade, mais concretamente na Avenida da Liberdade, entre as noves horas da noite e a uma da manhã.
Pasmei positivamente com o esvaziamento de cadeiras da sala 2 do S. Jorge; achei graça àquele charme londrino de recuperar salas antigas para a música; redescobri com olhos de adulto um teatro pequenino, o Variedades (no Parque Mayer), que no meu corpinho de 7 anos me parecia tão grande aquando de uma visita de estudo de 2ª classe.
A música deixou-me de barriga cheia por esse animado périplo que apenas deixou de fora o carismático clube Maxime. Saí do festival como um português mais orgulhoso, com o presente (os Pontos Negros) e o futuro (os DoisMileOito) do rock nacional. Mas acima de tudo convencido com a óptima forma desse grande ícone da pop nacional chamado Rui Reininho – provocador, swingante, humorado e outra vez tão motivado.
Da neo-zelandesa Ladyhawke, guardo a memória de uma potencial fábrica de êxitos electro-pop. Da sueca Lykke Li, um sentido de palco emancipado à sua idade de 22. De Marcelo Camelo (dos Los Hermanos), a bossanova bucólica e poética. Dos Walkmen, o estado bipolar de um cavalo digno de alguma fábula (arrasadoramente selvagem, comoventemente terno).
E será permitido tirar o chapéu a um organizador gigante, já que o mesmo correu o risco e teve a iniciativa? O louvor a quem de direito: a Música no Coração.
Nas fotos: Lykke Li (em cima) e Rui Reininho.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
36º AC/DC - Family Jewels
Compilação de imagens ao vivo e televisivas das eras vocalistas de Bon Scott e de Brian Johnson.

[“Rock 'n' Roll Damnation”]
35º Beastie Boys – Video Anthology
Compilação de todos os vídeos do famoso grupo de hip hop.

[“Sabotage”]
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

PARA QUANDO EM DVD?

Júlio Isidro – música moderna
Para quando uma compilação em DVD de momentos deliciosos e quiçá pitorescos que envolveram numerosas bandas apresentadas por Júlio Isidro na televisão pública portuguesa?
Com algum critério, a coisa correria bem. A memória colectiva ainda é muito sensível para com os momentos que tiveram como anfitrião o respeitável Ed Sullivan do nosso burgo... julgo eu.

[Duran Duran – Girls on Film]

[Xutos & Pontapés – “1º de Agosto” e “Gritos Mudos”]

[Capitão Fantasma]

domingo, 30 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
38º Rolling Stones - One Plus One
Documentário surrealista de Jean-Luc Godard que acompanha as gravações da canção “Sympathy for the Devil”, em 1968.

37º Paul Simon - Graceland - The African Concert
Registo filmado da actuação histórica anti-Apartheid de
Paul Simon em Harare, Zimbabué, no ano de 1987.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

sábado, 29 de novembro de 2008

EXCITAÇÃO DA SEMANA: RUI REININHO, «COMPANHIA DAS ÍNDIAS»


Com uma marca ou outra dos GNR clássicos, o álbum de estreia a solo dá para quase tudo: pode-se ver e ouvir Rui Reininho de turbante a fazer o São Francisco-Dakar, ou então a moderar com o seu humor um duelo serial-killer entre Screamin Jay Hawkins e os Suicide. Varia, respectivamente, da composição de um Armando Teixeira até a um Paulo Furtado.
"Companhia das Índias" apregoa uma forma inteligente de entender a pop. E coloca novamente a pergunta: porque não dão a este mestre de ilusionismo letrista a segunda ocupação de fazer grandes títulos do jornais (ao nível do extinto Independente). (Sony/BMG)
Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

CROMOS DOS ANOS 80: OS ÍCONES DOS POSTERS


Nos anos 80, os posters expandiram-se pelas paredes dos quartos de adolescentes como cogumelos. Os mágicos papéis saíam associados a revistas como a Bravo. Os artistas estavam ligados à música, mas o seu fascínio era acima de tudo sexual.
Os sex-symbols foram-se aglomerando, mas na fila da frente encontrávamos uma Samantha Fox (também merecedora dos célebres posters eróticos da revista semanal do Correio da Manhã), cuja acção musical é imediatamente relegada para segundo plano perante a sugestão lasciva de clips como "Touch Me". A sua grande rival viria de Itália, falamos de Sabrina. Foi revelada ao mundo pelo teledisco "Boys", onde pulava na piscina enquanto o top descaía para uma zona abaixo dos mamilos para prazer dos seus fãs, incluindo aqueles que preferiam vê-la no modo mudo.

Estrelas pop como a mais efémera Sandra ou a mais imortalizada Kim Wilde possuíam mais argumentos musicais, mas, sempre que foi preciso, foram também chamadas para um plano não-musical.
Mas os maiores colecionadores de posters eram do sexo feminino, o que fazia com que os seus alvos de idolatria fossem do sexo masculino.
Os Wham!, bem armadilhados pela sua pop colorida, alimentaram uma veneração quase irracional por parte das suas fãs durante a sua meia-dúzia de anos de existência.

Outro fenómeno causador de histeria feminina viria da saudável competição entre os Duran Duran e os Spandau Ballet que disputaram os primeiros lugares dos tops, os louvores da crítica e, claro, as fãs. Talvez os Duran Duran tivessem ganho em todos os planos mas esta guerra entre os dois maiores gigantes do neo-romantismo pop foi renhida e vendeu jornais.
Já a popularidade de uma banda como os Bros focava-se mais na sua imagem do que na música, mas conheceram o lado terrível da teoria de Andy Warhol dos 15 minutos de fama. Foram 15 meses de intenso sucesso, depois a banda dos gémeos loiros Goss caiu no esquecimento.
Ao cair da década, surgiram os New Kids on the Block, um formato de cinco dançarinos/cantores que seria um modelo para a década seguinte (como os Take That ou os Boyzone).
Texto publicado no Cotonete que encerra o especial Cromos dos Anos 80.
Imagens YouTube: Kim Wilde – “You Came”; Duran Duran – “Hungry Like the Wolf”.
Fotos: Samantha Fox; Wham!; Bros.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.

40º Ike & Tina Turner - Live in '71
Registo filmado de uma actuação na Holanda, durante o período áureo do casal.

[“River Deep Mountain High”]

39º Depeche Mode - Videos 1986-1998
Compilação de videoclips do grupo entre 1986 e 1998.

["A Question of Time"]
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

terça-feira, 25 de novembro de 2008

CROMOS DOS ANOS 80: OITENTISTAS FORÇADOS


Para a malta da velha guarda, os anos 80 deram para tudo. Houve quem andasse perdido, houve quem lhe saísse a lotaria.
Bob Dylan faz parte do grupo dos amaldiçoados e é um exemplo crítico de inadaptação à década de consagração dos yuppies e de uma forma mais visual de vender música. E a imagem de Dylan, que não era a de um homem novo, não o beneficiava. Numa era de sorrisos simpáticos, o rosto sisudo de Bob Dylan ficava muito mal no plano. Ficou de lado.

Os Rolling Stones também sofreram os efeitos adiantados da crise da meia-idade. Os atritos e dilemas existenciais do grupo, que colocaram em causa a sua própria continuidade, não afastaram Mick Jagger do circo mediático, que continuou os seus pulos a solo, averbando duetos com tudo o que fosse gente famosa.
Neil Young é outro caso de inadaptação. O seu som country-rock mais físico soava datado perante o mais em voga e mais maquinal synth-pop. A emenda saiu pior que o soneto quando o guitarrista forçou a sua adaptação àqueles estranhos anos, robotizandoo o seu rock e decorando-o com enfeites electrónicos à Kraftwerk no álbum Trans (1982). O resultado foi pavoroso.

Mas dentro do campeonato do ridículo, houve reformulações de imagem que tiveram sucesso. Mark Knofler, dos Dire Straits (revelados na corrente da new wave), colocou uma fita de tenista na cabeça que não perturbou a rendição mundial ao seu álbum-charneira Brothers in Arms.
Tina Turner largou as garras do marido Ike, deixou para trás o som soul que popularizou nos anos 60 e 70, lançou-se à pop mainstream e revolucionou o seu penteado (agora penteadamente despenteado). Descobriu uma nova juventude depois dos quarenta anos: passou a usar mini-saia e a encher estádios. Entrou na elite dos milionários e foi considerada a avó mais sexy do mundo. Definitivamente, deu-se bem com os anos 80.

David Bowie usou do seu talento de camaleão e voltou a ajeitar-se à mudança dos tempos, integrando-se bem num período da pop mais pragmática e orelhuda, através uma colheita generosa de êxitos (como "Let’s Dance", "Blue Jean" ou "Absolute Beginners"). E, nota importante, os anos 80 não lhe tiraram o estilo: continuou a saber escolher cabeleireiros, e ao contrário da maioria dos casos a sua fotogenia não ficou datada aos tempos de então.
Freddie Mercury, o carismático vocalista dos Queen, também mudou de look radicalmente assim que as garrafas de champanhe do reveillon anunciaram a entrada nos anos 80. Deixou os cabelos compridos e o ar de glam-rocker, e assumiu um look mais masculino de bigodinho e um guarda-roupa desportivo (que quase parecia um fato de treino) que lembrava o do nosso Carlos Paião, onde nem sequer faltavam os ténis.

Menos intencional foi a imagem patriótica com que o mundo ficou do Bruce Springsteen que vociferava em "Born in the U.S.A." e a associação do mesmo à bandeira norte-americana. Foi um acaso, a letra era bem mais crítica e social.

Outro acidente feliz de percurso aconteceu com os experientes músicos Toto que fazem uma transferência imediata do seu nicho de rock progressivo para a exposição do grande público pop à custa de uma só canção: a célebre "Africa".

Outra transição célere do rock progressivo para a esfera do rock de massas aconteceu com os Yes e o hit "Owner Of A Lonely Heart" que provocou dores de alma nos fãs mais fundamentalistas do grupo que abominaram o ar de “malha” à anos 80 do tema.
A partir do submundo da folk alternativa, também houve umas quantas convocatórias inesperadas para a pop-rock mainstream, como os Waterboys (e o seu êxito "The Whole of the Moon") e os Dexys Midnight Runners (e esse portal para o sucesso chamado "Come On Eileen") a disputarem a ribalta com bandas mais talhadas para o assunto.

Nem mesmo a apelidada melhor banda rock da década, os U2, escapou a alguns excessos típicos. Bono, por exemplo, também foi contaminado pela epidemia do corte de cabelo à Paulo Futre quando corriam os dias do Live Aid (em 1985), poucos anos depois depois da imagem mais guerreira e discreta com que se mostraram ao mundo.
Texto publicado no Cotonete
Imagens YouTube de cima para baixo: Mick Jagger – “Just Another Night”; Dire Straits – “So Far Away”; David Bowie – “Blue Jean”; Bruce Springsteen & The E-Street Band – “Born in the USA”; Yes – Owner of a Lonely Heart; U2 – “Bad”.
Imagens fixas de cima para baixo: Bob Dylan; capa do álbum Trans de Neil Young; Tina Turner; Queen; capa de Africa dos Toto; Dexys Midnight Runners.

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Vai assim a contagem...

41º Vários - Ed Sullivan's Rock 'N' Roll Classics - The British Invasion
42º Vários – Buena Vista Social Club
43º Vários - Message to Love: The Isle of Wight Festival
44º Ramones - End Of The Century
45º Pink Floyd - Live at Pompeii
46º Mahalia Jackson - Mahalia Jackson
47º Vinícius de Moraes - Vinícius
48º The Supremes - Reflections: The Definitive Performances 1964-1969
49º Charles Mingus - Live in '64
50º Marc Bolan And T Rex - Born To Boogie

51º Jeff Buckley - Live in Chicago
52º U2 - Zoo TV, Live From Sydney
53º Vários - American Folk-Blues Festival: The British Tours 1963-1966
54º Iggy Pop - Iggy in Paris
55º Nina Simone - Live At Montreux 1976
56º Roy Orbison - Black And White Night
57º Madonna - The Girlie Show - Live Down Under
58º Vários - Glastonbury
59º Nirvana - Unplugged In New York
60º The Flaming Lips - The Fearless Freaks

61º The Police - Everyone Stares: The Police Inside Out
62º Vários - Festival Express
63º Portishead - PNYC - Live At The Roseland Theatre
64º Sigur Ros - Heima
65º Peter Gabriel - Secret World - Live
66º Serge Gainsbourg - D'Autres Nouvelles des Étoiles
67º Prince - Sign 'O' The Times
68º Marisa Monte - Memórias, Crônicas e Declarações de Amor
69º Devo - Live 1980
70º The Smashing Pumpkins - Vieuphoria

71º The Velvet Underground - Velvet Redux: Live MCMXCIII
72º Simon & Garfunkel - The Concert in Central Park
73º Dead Boys - Live! At CBGB OMFUG:1977
74º The Who - Amazing Journey: The Story of the Who
75º The Cramps - Live at Napa State Mental Hospital
76º Siouxsie And The Banshees - Nocturne
77º The Doors - Soundstage Performances
78º Queen - Live At Wembley Stadium
79º Vários - The Concert for Bangladesh
80º Gorillaz – Demon Days Live at Manchester

81º Ella Fitzgerald - Live in '57 and '63 (Jazz Icons)
82º Bob Dylan – The Other Side of the Mirror
83º Duran Duran - Greatest - The DVD
84º James Brown - Live at Chastain Park
85º The Wire – Scottish Play: 2004
86º Dead Kennedys - The Early Years Live
87º Nick Cave & The Bad Seeds – The Videos
88º Curtis Mayfield - Live at Ronnie Scott's
89º The Clash - Westway to the World
90º Duke Ellington - Jazz Icons: Duke Ellington Live in '58

91º Wu-Tang Clan - The Legend of the Wu-Tang - The Videos
92º Stevie Wonder - Live In Japan, 1982
93º Van Morrison - Live at Montreux 1980 and 1974
94º Dizzie Gillespie - Jazz Icons: Live in '58 & '70
95º Fela Kuti - Music Is the Weapon
96º Neil Young & Crazy Horse - Year of the Horse
97º Dead Can Dance - Toward The Within
98º Miles Davis – Miles Electric: a Different Kind of Blue
99º PJ Harvey - On Tour - Please Leave Quietly
100º Minor Threat - DC Space / Buff Hall / 9:30 Club

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.
42º Vários – Buena Vista Social Club
Documentário de Wim Wenders sobre as grandes lendas musicais de Cuba.

41º Vários - Ed Sullivan's Rock 'N' Roll Classics - The British Invasion
Compilação de performances televisivas de bandas rock britânicas para o programa apresentado por Ed Sullivan.

PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

sábado, 22 de novembro de 2008

EXCITAÇÃO DA SEMANA: GRACE JONES, «HURRICANE»


Durante o hiato de 19 anos, passaram-se coisas que tiveram a ver com a esfera enigmática de Grace Jones. A explosão do trip-hop, a popularidade de uma banda mais prosaica como os Skunk Anansie ou os sons urbanos sofisticados de hoje vindos de cantoras como M.I.A. e Nneka inspiraram-se, muitas vezes inconscientemente, no fantasma oculto de Grace Jones.
Os efeitos psicossomáticos do novo Hurricane provêm de um triângulo Atlântico entre Kingston, Nova Iorque e Paris – entre o reggae, a electrónica e o cabaret – e superiorizam os efeitos naturais do triângulo das Bermudas. Mais misterioso que a perca de rasto de um petroleiro ou de uma aeronave nos mares tormentosos das Caraíbas, é o desaparecimento de Grace Jones da secção de novidades das lojas de discos durante 19 anos.
Pouco interessa desvendar agora o enigma, há que perder tempo já com aquele que é o grande regresso do ano: Hurricane... Um filme de terror soul que inclui a infernização do gospel e um ambientalismo austero que põe o ouvinte em sentido. Medo, sedução, o universo sensorial é desperto em pleno pela senhora com o pé em cima da cadeira do palco: Grace Jones, outra vez. A diva futurista. (Wall of Sound, 2008)

Pode ler artigo desenvolvido no Cotonete.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

AS MELHORES OBRAS DE SEMPRE EM DVD

Lista em contagem decrescente, inspirada num trabalho de selecção dos 50 melhores DVDs de música para votação que decorreu no Cotonete.

44º Ramones - End Of The Century
Documentário que é um retrato mais íntimo da história da banda punk nova-iorquina.

43º Vários - Message to Love: The Isle of Wight Festival
Documentário de Murray Lerner sobre o Festival da Ilha de Wight de 1970.

[Joni Mitchell – “Big Yellow Taxi”]
PS - Lista pessoal elaborada no dia 20 de Abril de 2008, que inclui DVDs não formatados para a Região Europeia e exclui obras de ficção (exemplos: ‘biopics' ou musicais).

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

CROMOS DOS ANOS 80: OITENTISTAS NATOS

Falar dos anos 80 e não falar de Madonna é impossível; falar de Madonna e não falar dos anos 80 também.
Com uma voz mais aguda do que a possui hoje, Madonna apareceu ao mundo com uma imagem provocante, descontraída e bem pensada, com roupas escuras que exibiam algumas partes da lingerie, luvas pretas, cabelos puxados, olhos muito pintados e um arsenal numeroso de pulseiras e de colares.

Os arranjos electrónicos das suas músicas soavam inocentes mas as melodias de "Like a Virgin", "Into the Groove" ou "Crazy for You" agarraram os ouvidos do grande público.
Michael Jackson é a outra grande figura que glorificou os anos 80 com a operação relâmpago do álbum Thriller. Com uma pop atractiva e bem ritmada, causaram impacto os seus números de dança, a sua imagem de casaco de cabedal arregaçada e as suas meias brancas milimetricamente expostas.

Mas houve muito boa gente que foi de tal maneira feita para os anos 80 que nasceu e morreu com a década, não se adaptando aos novos tempos. Os motivos de falência tiveram consequências diferentes: artísticas, mediáticas, ou ambas.
Os rockers australianos INXS foram autênticas celebridades de estádio mas as luzes da ribalta foram-se apagando à medida que os anos 80 se foram afastando do presente. A figura do vocalista Michael Hutchence e o insucesso da década seguinte não encaixaram.
O trio de electro-pop A-Ha também gozou como pôde o decénio do ZX-Spectrum, desde que rompeu o anonimato através de videoclip criativo, inspirado na BD, "Take on Me", numa caminhada ascendente feita do mérito de uma senbilidade colectiva para o formato da canção que os levou a assinar o tema principal de um dos filmes de James Bond (Living Daylights - Risco Imediato).

Os mais estranhos e atmosféricos Talk Talk, guiados pela poderosa voz de Mark Hollis, também tiveram várias boas-vindas por parte do público mainstream ao longo de toda a década de 80, com um número considerável de hits (como "Such a Shame" ou "It’s My Life").
Billy Idol encontrou nos tiques de Elvis a razão para largar o som punk dos anos 70 que praticou com os extintos Generation X e deu-se bem com a receita pop durante... 10 anos, porque os anos 90 já não quiseram nada com ele.

A mais arty Kate Bush foi também um rosto familiar na época. As Bangles foram mostrando as garras pop de uma banda feminina. E a alienígena Cindy Lauper teve também o mundo a seus pés, somando êxitos como "True Colours" e "Girls Just Wanna Have Fun". Lena d’ Água foi uma das nossas oitentistas natas, tendo sido até objecto de abertura de um dos programas de Countdown, apresentado pelo inesquecível Adam Curry, com o vídeo de "Dou-te Um Doce".
O famoso corte de cabelo mais comprido atrás e um pouco esquisito à frente não atrapalhou o percurso quixotesco de estrelas pop como Paul Young e Nik Kershaw, que foram outros símbolos genuínos daquele tempo. Só daquele tempo.

E quem conhece o parodiante Falco, os mais rockers Starship, os efusivos Level 42, o estiloso Rick Astley ou a nossa Lara Li? Na altura, quase todos. Hoje, quase ninguém. Todos eles foram vítimas do lado amnésico da máquina do tempo.
Texto publicado no Cotonete.
Imagens YouTube: “Borderline” – Madonna; “Original Sin” – INXS; “Such a Shame” – Talk Talk; “Eternal Flame” – Bangles; “Lessons in Love” – Level 42.
Fotos: Madonna; Michael Jackson; A-Ha; capa de Rebel Yell de Billy Idol; Nik Kershaw.