terça-feira, 27 de janeiro de 2009

PROMESSAS 2009


Florence and the Machine, de Inglaterra

Florence Welsh e Florence and the Machine são praticamente a mesma coisa, a derivação nominativa é um mero detalhe artístico, com acréscimo de banda. Welch tem apenas 22 anos e cumpre a tradição de uma formando do curso de artes, levando mil e um mundos diferentes para a música.

A peculiaridade da sua música assenta na ideia musical de Adam & The Ants no feminino. Temos então percussões tribais adaptadas ao pop-rock inconformista, um revisionimo barroco e uma atitude punk que, quando encorpada por uma mulher como Florence Welch, soa sempre melhor e mais feroz.

As garras selvagens de Florence and the Machine dão para tudo e são até domesticáveis, sabendo respeitar muito bem o método arrumadinho da pop linear ao estilo de Adele. Cumprido o horário de formalidades de boa menina de colégio, Florence salta da janela e solta o diabrete que há em si, inspirando um corpo instrumental psychobilly à Cramps, que a cantora vocaliza com uma excentricidade vocal arty que homenageia a cada vez menos esquecida Kate Bush.

Noutros becos que se desvendam para o tesouro de Florence, encontramos a musa folk com uma alma do tamanho de uma Karen Dalton ou de uma Shannon Wright, mas descobrimos igualmente um monstro soul que só não formaliza candidatura a nova Amy Winehouse porque a riqueza da personalidade desta nova intérprete não o permite.

Está aqui uma Mulher-Maravilha, com dons sobre-humanos de fada que fazem lembrar Björk e que potenciam voos mais altos que os conseguidos por Bat for Lashes (uma das parentes próximas de Florence and the Machine).

Dispondo de uma máquina tetra-céfala (um guitarrista, uma teclista, um baterista e um harpista), a vocalista/percussionista Florence está a gerar justas expectativas com o seu álbum de estreia (ainda sem título), previsto para Maio.

Artigo publicado no Cotonete, no especial Mapa Astral de 2009.
2ª promessa de 5.

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