segunda-feira, 8 de junho de 2009

OUTRAS EXCITAÇÕES

Por ordem decrescente de preferência, seguem outras excitações dos tempos mais recentes.
Grizzly Bear, Veckatimest (Warp, 2009)
Ao terceiro álbum, "Veckatimest", a banda comandada por Ed Droste e Daniel Rossen faz com o seu balão de ensaio o voo mais aproximado ao céu de sempre do grupo. Há sempre qualquer coisa de mais trabalhado e mais apurado que se nota nos mais ínfimos pormenores. As camadas de harmonias vocais cristalinas têm qualquer coisa medieval de coros gregorianos que fazem da mais quotidiana garagem o seu convento - o encadeamento de vozes chega a ser arrebatador. Noutro dado intemporal, há uma tendência para pintar floreados mais barrocos, com apetrechos como a flauta, naquele mundo que é, ainda assim, de guitarras eléctricas.

Obsessivos-compulsivos em criar, os Grizzly Bear revelam-nos à velocidade de cada segundo uma ideia nova, em poucos segundos um enquadramento diferente. Crescem num instante para a dimensão de uma sinfonia e o seu idílio celeste sente-se até no próprio ricochete dos sons instrumentais.

Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

Tó Trips, Guitarra 66 (Mbari, 2009)
Tó Trips nasceu para o algarismo 6. Nasceu em '66. Cresceu a dedilhar 6 cordas. E no seu imaginário de viajante, globaliza a estrada 66 para lá da América, nalgum asfalto português que passe por Esmoriz, nalgum caminho norte-africano que consiga ligar Marrocos ao Egipto.

"Guitarra 66" é uma viagem de Trips para fora, muito para dentro dele mesmo. A partir do estrangeiro, entramos no íntimo do guitarrista como nunca estivemos antes. "Guitarra 66" é um álbum de temperaturas quentes tocado a preto e branco. Moreno, mediterrâneo, contemplativo. Tó Trips nunca expôs tanto a sua alma. E o que está lá dentro é um mundo.
Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

Vários, War Child Presents Heroes (Parlophone, 2009)
"War Child Presents Heroes" é uma compilação com o fim muito nobre de ajudar as vítimas (sobretudo crianças) de palcos de guerra como o Iraque, o Afeganistão ou o Zaire (antigo Congo Belga). O conceito é desde logo atraente: cada lenda musical selecciona uma música da nova geração para fazer uma recriação de uma canção sua. Beck é o que melhor corresponde à chamada (do monstro Bob Dylan, no caso), revolucionando a lenga-lenga folk-blues de 'Leopard Skin Pill Box Hat' com o seu electro-rock desengonçado, mantendo o saudável vício de impor o seu estilo, mesmo em composições alheias. Beck continua a ser o branco com mais ritmo do mundo, o genuíno preto de cabelo loiro (mesmo que sem carapinha).
Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

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