segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

EXCITAÇÃO DA SEMANA: EELS, «END TIMES»


A música tem sido uma luz ao fundo do túnel para E, líder dos Eels. O estado de alma de E é o próprio fundo do túnel.

Afectivamente, Mark Oliver Everett (o nome civil de E) tem habitado piso sísmico abalado por tremores de terra de grande magnitude e de demasiada regularidade. A estrutura de E guardou-se exclusivamente para as suas canções. E nesse campo Mark Oliver Everett é um felizardo. Musicalmente, E é membro de uma classe média abonada. Como uma criança que recebe os conjuntos de Playmobil mais caros, E é um prendado pelo seu dom de sobredotado para a melodia pop. Oliver Everett é da elite, e os Eels, por arrastamento, também.

O estado anímico deprimido reflecte-se na voz amarga de E, as letras sobre separações conjugais e envelhecimento são também uma angústia, mas as brilhantes melodias dos Eels, qual varinha mágica, tudo elevam e salvam para um filme duro mas também fascinante e rico em fantasia. É assim o novo e oitavo álbum do grupo, "End Times".

O disco que merece esta prosa foi gravado em quatro pistas e publicado apenas sete meses depois do anterior "Hombre Lobo", o que elucida bem sobre a alta produtividade de Mark Oliver Everett. O cantor mantém aquele ar de patinho feio de quem acha que o mundo lhe deve alguma coisa, mas, em retorno, despeja boas canções como quem diz bom dia.

De belas instrospecções com almofadadinha pop (como o arrepiante desabafo de 'I Need a Mother') a temas ao estilo oldie do rock & roll (como 'Paradise Blues'), os Eels sabem experimentar de tudo.

Quando os Eels apareceram em meados dos anos 90, eram uma injecção criativa de pop-rock indie, electronicamente engenhosa, que rivalizava com Beck em alta. Hoje, os Eels são uma banda mais orgânica e física que mantém o estilo simultaneamente açurado e soturno cuja propriedade foi comprada com o seu mérito autoral. (Vagrant, 2010)

Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.

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