
Vinda de um mundo intemporal, Joanna Newsom especializou-se numa folk naturalista, com voz aguda de sereia intocável e direito a exclusividade estética. Quando apareceu deslumbrante, com o álbum "The Milk-Eyed Mender" (2004), as suas canções ainda encontraram encaixe nos formatos médios da bizarria indie, numa altura em que as suas músicas só tinham ainda 4 minutos para respirar.
Depois, em "Ys" (2006), Joanna Newsom desfez-se do cronómetro para poder explorar com mais à-vontade toda a sua erudição em hérculeas músicas que chegavam a ultrapassar o quarto de hora. Mais uma missão cumprida.

Este álbum triplo é uma síntese entre a simplicidade do primeiro longo e a maior elaboração do segundo, como se Kate Bush tivesse tido formação clássica de conservatório e se tivesse interessado por música barroca. É mais ou menos esta a Joanna Newsom que temos no novo disco. Alguém que estica a terra americana até à britânica, apresentando a folk apalache à folk inglesa rural das irmãs Shirley and Dolly Collins. Só que com harpa e a sua voz plurigutural.
Esta belo ex-modelo da Armani, de apenas 28 anos, tem a determinação dos grandes. E está cada vez maior. (Drag City, 2010)
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