domingo, 25 de janeiro de 2009

YOU CAN’T BEAT ALASKA


No psicadélico road movie Vanishing Point, o louco condutor Kowalski ignora as palavras sábias do seu guia espiritual, o radialista cego Super Soul, que o avisa: “You can beat the road, you can beat the clock but you can’t beat the desert”. É demasiado óbvio que Super Soul tinha razão.

O mesmo aviso podia ter sido dado aos aventureiros norte-americanos Timothy Treadwell (1957-2003) e Christopher McCandless (1968-1992), em relação à natureza selvagem do Alasca. Treadwell acreditou que podia viver no habitat de ursos como se fosse um deles; McCandless confiou que para o seu isolamento espiritual no parque natural de Denali poderia prescindir de objectos de sobrevivência como mapas ou bússolas. A natureza desfeiteou-os, sem misericórdia. A morte de Treadwell foi mais rápida, nas garras de um urso mais esfomeado; o perecimento de McCandless foi lento e penoso, como de qualquer outro caso de fome.
Timothy Treadwell e Christopher McCandless até se podiam ter encontrado em 1992. Timothy Treadwell tinha começado em 1991 a passar temporadas veraneantes no ambiente selvagem dos ursos. Mas os destino de ambos só se cruzaram na inspiração de duas grandes longa-metragens: as filmagens de Timothy Treadwell foram a base para o documentário Grizzly Man, do cineasta alemão Werner Herzog; o diário escrito de Christopher McCandless motivaria o livro biográfico de Jon Krakauer, Into th Wild, que daria origem ao belíssimo filme de ficção de Sean Penn com o mesmo nome.

Herzog, habituado a enfrentar a força da natureza, como comprovam os filmes da Amazónia Aguirre, O Guerreiro e Fitzcarraldo, identificou-se com a atitude louca e apatetada de Treadwell; Penn elevou-se à condição de grande cineasta graças ao trato humano gigante dado a Into the Wild (o mesmo se pode dizer da banda sonora de free-country de Eddie Vedder).

Apreciação intemporal e circunstancial, sem agendas.

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