O álbum de beneficência UPA: Unidos Para Ajudar, provindo da iniciativa da Encontrar-se (Associação de Apoio às Pessoas com Perturbações Mentais Graves), é um dos acontecimentos musicais do ano em Portugal. Com o apadrinhamento de Zé Pedro dos Xutos, fizeram-se dez parcerias sonantes (muitas delas encontros de 3º grau), que seriam publicadas mensalmente ao longo do ano no site da Encontrar-se para download a preço módico. No final, fez-se este álbum que tem como causa a luta "contra a discriminação das doenças mentais".
Destaque-se dois temas. O primeiro é “Vendaval” (de Camané e Dead Combo), que faz de Camané intérprete fadista da digestão pós-grunge de Carlos Paredes que os Dead Combo tão bem e cinefilamente fazem, numa prova tocante de que identidade lusitana e modernidade se podem misturar.
E “Loucura?, noutro momento digno, é a única colaboração de corpo inteiro do disco, entre José Mário Branco e os Mão Morta. Ambos partilham os créditos da letra e da composição musical, numa sintonia imprevisível mas não casual de portugalidade profunda com neurose que sempre caracterizou, em campeonatos diferentes, José Mário Branco e a banda bracarense. Talvez os Mão Morta tivessem caminhado estes anos todos com o 'FMI' de Branco no subconsciente; talvez a melancolia de canções do grupo minhoto como 'Abandonada' tivesse caído no goto de José Mário Branco há algum tempo. Mas de repente, em 'Loucura', tudo faz sentido: José Mário Branco poderia cantar para os Mão Morta; os Mão Morta poderiam ser a banda de José Mário Branco.
Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.
domingo, 14 de dezembro de 2008
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