Seguem-se outras excitações recentes, organizadas por ordem decrescente de preferência.
John Frusciante, The Empyrean (Record Collection, 2009)
Em The Empyrean, John Frusciante volta a ser poupado em recursos humanos. E, para isso, não se poupa a si mesmo. Toca em tudo o que é instrumento (guitarra eléctrica, guitarra acústica, sintetizadores, caixa de ritmos, baixo, piano). E encontra no amigo Josh Klinghoffer (também do gangue de Vincent Gallo) um moço para todos os recados que tenta substituir a omnipresença de Frusciante para se desdobrar igualmente em todo o tipo de objectos: da bateria ao piano.
John Frusciante supera-se sempre a si mesmo ao longo do disco, como a amostra mais próxima de Jimi Hendrix que existe de um guitarrista sub-40 vivo. Tal como Hendrix, Frusciante mostra-se como um bom compositor e um ainda melhor performer, um homem de grandes vibrações que embala a música muito pará lá da sua maqueta-base.
John Frusciante não cabe nos quatro minutos da canção com os quais os Red Hot estão irremediavelmente comprometidos. O seu espírito é demasiado místico para isso e, ao longo do disco, pede-se para que cada música não termine - e Frusciante parece que nos está a fazer a vontade, numa generosidade emotiva e galopante em que Neil Young e os Crazy Horse são também muito bons. Deixem a música viver mais umas dezenas de segundos - e eles deixam.
Sem ter que ser por acessos de génio, John Frusciante relembra-nos que é um músico de corpo inteiro que usa o espaço físico possível de um disco compacto para exorcizar todos os seus demónios num exercício extremado que podemos baptizar como free rock. The Empyrean é a música em estado silvestre, tal e qual o é John Frusciante.
Pode ler aqui artigo desenvolvido no site Cotonete.
Neil Young, Sugar Mountain - Live at Canterbury House 1968 (Reprise, 2009)
Ouvimos este álbum ao vivo, gravado em 1968, e sorrimos. Sorrimos porque somos condenados a reconhecer que este se trata de um registo muito interessante, feito há muito tempo, e mesmo assim não dá para sentirmos um pingo de nostalgia que seja. Sorrimos porque temos 40 anos de vantagem sobre esta gravação e sabemos de antemão que Neil Young iria ser muito melhor.
O Neil Young que aparece ao microfone do Canterbury House, na pequena cidade norte-americana de Ann Arbor (estado do Michigan) está à beira de fazer 23 anos, com uma voz de garoto e um diamante na alma ainda por polir. Naquela exacta altura, Novembro de 1968, Neil Young estava nas vésperas de lançar o seu primeiro álbum a solo, de título homónimo, e a separação dos Buffalo Springfield (onde partilhava a liderança com Stephen Stills) estava fresca.
Sugar Mountain é Neil Young em estado rudimentar, despido de artíficos, a preparar-se para se maturar como um dos históricos do rock. Está cru mas recomenda-se.
Pode ler aqui artigo desenvolvido no site Cotonete.
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário