Os Beach House conseguem repetir os mesmos truques da sua magia espiritual sem se repetirem. A guitarra de Alex Scally, que tem feitiço, elege um acorde por canção, e usa-o até à exaustão. E, seguindo a mesma economia de meios, a caixa de ritmos não sai da mesma programação ao longo de cada tema.
O som do teclado parece que está em fade out desde o início da canção, mas nós gostamos dessa despedida infinita, como se o som pudesse ter a eternidade fixa de uma fotografia. A bateria volta a ser o objecto menos manuseado do espaço. E a voz hermafrodita de Victoria Legrand mistura inocência com austeridade, e pede direito a ocasião religiosa. Pedido aceite, claro.
Qual é então a grande novidade de "Teen Dream" que não essa multiplicação luxuosa dos mesmos dons sempre com resultados entusiasmantes? Pois bem, os Beach House traíram o nome e afastaram-se da costa para uma floresta mais densa, onde se encontra o som lenhador dos freakadélicos Fleet Foxes. Não se sabe se houve algum transplante das cordas vocais de Robin Pecknold dos Fleet Foxes para a garganta de Victoria Legrand mas, pelo menos, as harmonias vocais tornaram-se espelhos um do outro, para proveito autoral dos Beach House.
A dezena de canções de "Teen Dream" impõe, de facto, respeito. 'Norway', 'Used To Be' e 'Take Care' ganham passe vitalício para entrarem na nossa frágil memória. Devagar se volta a ir longe. (Sub Pop, 2010)
Pode ler aqui artigo desenvolvido no Cotonete.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
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